| CRÍTICAS | Exterminador Implacável – Destino Sombrio

A saga Terminator são dois filmes de acção de proporções épicas e mais três de decadência progressiva. Por isso, com o cadáver a estrebuchar, os produtores fizeram a única coisa que lhes restava: chamar James Cameron.

No entanto, Cameron não devia estar para se chatear e não veio realizar este novo Exterminador Implacável – Destino Sombrio. O que não o impediu de ir levantar o cheque na mesma. Cameron foi pago apenas para o apadrinhar e mostrar-se publicamente entusiasmado com isto, dizendo coisas como é o melhor filme da saga (lol). Depois chamaram a única personagem que ainda não tinha sido reciclada, Linda Hamilton. E, finalmente, disseram que Destino Sombrio era uma sequela directa de O Dia do Julgamento e que todos os outros filmes posteriores não tinham acontecido nesta timeline (roflol).

35 anos depois, Sarah Connor (Linda Hamilton) está velha (no shit, Sherlock). Em O Dia do Julgamento, com a ajuda do filho, que é despachado logo no início deste filme da forma mais descartável possível (não podia ter sido mais seca a forma de dizerem a Edward Furlong não precisamos de ti), Sarah Connor impediu a ascensão das máquinas e o holocausto de milhões de pessoas. Por isso, limita-se a destruir exterminares que ainda vagueam por aí, com a missão de John Connor, mas que chegaram tarde demais.

Mas a história repete-se e, por isso, vamos assistir a tudo de novo. Primeiro uns raios e um clarão azul e eis que surge do nada (sabemos todos que é do futuro, não é?) Grace (Mackenzie Davis). Depois outro clarão e surge Gabriel (Gabriel Luna). A primeira vem proteger Dani (Natalia Reyes) do segundo, que a quer matar de forma a não vir a liderar a futura resistência contra a ascensão das máquinas. E Sarah Connor – que impediu o primeiro holocausto, mas não evitou que o destino cumprisse a sua função – vai-se juntar à festa, para apadrinhar a nova salvadora da Humanidade e para capitalizar o filme.

A entrada em cena de Linda Hamilton é pela porta grande. Em modo badass, irrompe ecrã adentro armada até aos dentes e a bazucar sem piedade exterminares. A partir daí vai-se apagando gradualmente, mas não por culpa sua. A culpa é do filme. No fundo, a coisa resulta apenas enquanto caminhamos na memory lane – a variação da história na contemporaneidade, um T1000 ainda mais avançado e perseguições de camiões(!).

Destino Sombrio tenta ainda lançar uma ponte com o que se está a passar hoje em dia. E não estou a falar dos avanços na Inteligência Artificial. Falo antes da tensão entre Estados Unidos e México. E, quando comparado com Rambo – A Última Batalha, Destino Sombrio está na ponta completamente oposto do espectro. Enquanto Rambo – A Última Batalha adopta uma postura reaccionária para com os mexicanos, Destino Sombrio passa-lhes o cachimbo da paz e, em vez de vilões, entrega-lhes o papel de mocinhos.

Destino Sombrio falha redondamente na passagem de testemunho. Mackenzie Davis é um rotundo falhanço de miscast e tudo o resto se limita à estratégia do videojogo: o argumento salta d nível em nível, cada vez mais barulhentos, luminosos e espalhafatosos, sem deixar qualquer tempo para as suas personagens.E até a ideia de este ser um filme feminista, com três mulheres fortes como protagonistas, sai furada porque… lá tem que aparecer um homem (Arnold Schwarzenegger) para salvar o dia.

E não me façam falar de Arnie. Por favor! Agora temos um exterminado a sofrer de síndrome de Pinóquio, com uma família e a vender cortinados(!). A sério, não é brincadeirinha. Se bem que devem ter dito a Arnie que este era um spoof da série, porque ele passa o filme todo a dizer piadas. Destino Sombrio é uma série de pateadas sem grandes motivos para ser recordado. James Cameron, com este, quis apagar-nos da memória os desastres anteriores. Mas e esta Hamburga de Choco? Quem nos devolve o dinheiro e o tempo perdido?

Título: Terminator – Dark Fate
Realizador: Tim Miller
Ano: 2019

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *