| CRÍTICAS | Mr. Majestyk

Lemos a sinopse de Mr. Majestyk e não há como não querer ver o filme: Charles Bronson é um produtor de melancias e tem que combater o crime organizado e um assassino a soldo. Imagino como é que alguém conseguiu vender esta ideia em Hollywood. E depois vemos que o argumento é de Elmore Leonard e ficamos com a certeza que o homem andava numa droga muita boa nos anos 70, de certeza.

Vemos então Mr. Majestyk e a sinopse não desilude. É tudo o que promete e mais ainda. Ora vejamos: Bronson é mesmo um produtor de melancias, tão solitário quanto íntegro, que prefere contratar emigrantes mexicanos a um preço decente do que ir na conversa dos agiotas e empregar primeiro os nosso a um preço abaixo do de mercado. Ou seja, o ontem como hoje, nada mudou. Isso aliado a uma série de más decisões e um argumento imaginativo, leva Bronson para a prisão e a uma fuga mais ou menos forçada, com temível assassino a soldo Frank Renda (Al Lettieri).

Renda acaba por jurar vingança a Bronson e obriga Elmore Leonard a fazer reset ao argumento. Ou seja, depois dos capangas de Renda atacarem o autocarro onde este seguia e proporcionarem a sua fuga, os juízes decidem que não há provas nenhumas contra ele e liberta-o de qualquer acusação – incluindo os assassinatos todos que o levaram dentro inicialmente. Isto significa que agora tem caminho livre para ir vingar-se de Bronson (que lhe quis comer a salsicha quando estavam na prisão; e isto não é uma cena sexual, é mesmo literal) e, pelo caminho, dos empregados latinos que ele emprega na sua quinta, onde se inclui a nova namorada (Linda Cristal). E o homem só queria apanhar melancias.

Apesar deste argumento… imaginativo, o realizador Robert Fleischer não vacila em montar um sólido filme de acção. Bronson faz de Charles Bronson como habitualmente – com o seu ar sempre muito cool, com tanto de tio como de quem nos é capaz de arrancar a cabeça só com as mãos, super tranquilo e, especialmente, íntegro e justo – e é vê-lo numa perseguição incrível de pick-up, que a própria Ford chegou a usar como anúncio para mostrar como os seus carros eram resistentes.

No final, ainda há mais um bombom. De forma a enganar Frank Renda e os capangas, que os observam numa casa sitiada, Bronson discute com a namorada e expulsa-a de casa, num plano que serve apenas para fugirem de surpresa. No entanto, os maus estão a sitiar a casa e não sabem que eles discutiram, o que significa que aquela manobra de diversão é apenas para… enganar o espectador. É uma espécie de meta-jogada de antecipação, que quebra a quarta barreira de forma a apanhar os maus desprevenidos. Jogada de mestre de Elmore Leonard. Um dos Cheeseburgers mais curiosos da carreira de Charles Bronson, produtor de melancias e de hambúrgueres mais ou menos consistentes.

Título: Mr. Majestyk
Realizador: Robert Fleischer
Ano: 1974

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *