| CRÍTICAS | Fado

Vemos um filme alemão chamado Fado e sabemos automaticamente que tem que ser sobre Portugal. Isso porque fado é uma palavra portuguesa que não tem tradução em mais nenhuma língua yada yada yada. Já não há paciência para esta conversa…

Golo Euler é um médico alemão que, numa cena estamos a ver a tentar salvar uma mulher de paragem cardíaca, e na seguinte está a mudar-se para Lisboa. Pelo meio, um sonho de uma onda gigante fica a pairar no ar (e, mais tarde, irá emparelhar com o fascínio de Golo por uns desenhos do terramoto de 1755 – aquele que foi o maior de sempre na Europa yada yada yada). Pouco depois percebemos as suas reais intenções: reconquistar Luise Heyer, a ex-namorada que se mudou para Portugal para trabalhar como arquitecta na construção de um hotel.

No entanto, rapidamente entendemos que Golo Euler não ama verdadeiramente Luise. Ele é é um ciumento de primeira, daqueles doentios. Por isso, mesmo que reatem e as coisas pareçam estar a ir bem, Golo não consegue deixar de imaginar Luise na cama com todos os homens com quem trava conversa. Especialmente com o colega de trabalho, o espertalhão e bon vivant Albano Jerónimo.

Os ciúmes de Golo vão aumentando cada vez mais e a relação com Luise vai voltar a azedar. Quem é que quer um tipo tóxico assim na sua vida? O problema é que o realizador Jonas Rothlaender parece que, chegado a determinado ponto, também já não sabe o que fazer mais. Afinal de contas, ele só queria um pretexto para vir filmar a Portugal. Por isso, tenta sacar uma rima final com a tal imagem da onda gigante que havia ficado a pairar desde a primeira cena (ainda alguém se lembrava dela?) e fecha o filme rapidamente, já depois de uma inesperada cena de um felácio totalmente gráfica (Vincent Gallo ficou orgulhoso).

E porque Fado se chama Fado? Porque é filmado em Portugal e fado é o sentimento que representa a identidade nacional, é o “nada que é tudo”, como diria Fernando Pessoa. Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal? yada yada yada. Fado tem alguma piada para se ver Lisboa filmada por um estrangeiro, tentando fugir ao cartão de visitas e com uma escala mais intimista, mas podia ter sido filmado cá como noutro sítio qualquer. O Cheeseburger não se alteraria.

Título: Fado
Realizador: Jonas Rothlaender
Ano: 2016

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