| CRÍTICAS | Instinto Predador

Nicolas Cage continuam num frenesim de maus bons filmes, xingaria grossa e série b de fina filigrana, que raramente desilude. Desde o apagamento dos xingas habituais – Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal… – que apenas podemos confiar em Cage. Eu sei que ele é de outro campeonato do que esses canastrões (outro campeonato? nem sequer é o mesmo desporto), mas vocês percebem onde quero chegar.

A sinopse deste Instinto Predador é uma delícia. Nicolas Cage, um caçador de animais exóticos, a braços com um jaguar branco feroz e comedor de homens e um psicopata altamente treinado pelos serviços secretos norte-americanos num… barco mais ou menos decrépito ao largo do Brasil(!). Como é que as teias do destino tecem este manancial de coincidências? Curiosamente, de forma bem sólida. Não é por aí, portanto, que Instinto Predador sai a perder.

Nicolas Cage volta a fazer a sua imitação de Humphrey Bogart, versão em drogas claro. Também há a bordo uma mulher (Famke Janssen), para se tornar no seu interesse romântico, com a habitual química screwball. Mas é Kevin Durand, na pele do psicopata à solta a bordo, que merece todo o nosso carinho. Com um ar alucinado, Durand é uma fusão a frio de Hannibal Lecter com o John Malkovich de Con Air – Fortaleza Voadora. Aliás, Instinto Predador é uma variação de Con Air – Fortaleza Voadora, que volta a encontrar em Nicolas Cage no local errado à hora errada, que se vai ver obrigado a salvar o dia mesmo sem querer.

Infelizmente, Instinto Predador perde demasiado tempo a andar em círculos, aposta ainda noutro twist de argumento que não serve para nada (apenas para justificar o ordenado de Michael Imperioli) e acaba por desleixar completamente o jaguar branco. Aquele que devia ser a grande estrela do filme acaba relegado para segundo plano, talvez porque o CGI de papelão não dava para mais. Cuidado, o jaguar tem tantos pixeis que é impossível olhar de frente para ele sem correr o risco de cegar. Mesmo assim, Instinto Predador é um Double Cheeseburger mais interessante do que muito filme sério que vemos por aí.

Título: Primal
Realizador: Nick Powell
Ano: 2019

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