| CRÍTICAS | Os Sete Magníficos

Uma coisa que o western spaghetti sempre soube fazer e sem medo foi ir beber influências aos sítios certos. Nomeadamente ao cinema japonês e aos filmes de samurais. Essa sempre se mostrou uma opção correcta, até porque, da única vez que Hollywood o fez com o seu western clássico, acertou igualmente em cheio. Foi em 1960 com Os Sete Magníficos, versão de Os Sete Samurais com cáubois.

A premissa não é muito diferente da do forasteiro que vem de longe para impor a lei e a ordem, que é uma das linhas fundadoras do western norte-americano. A diferença é que, em Os Sete Magníficos, não é um forasteiro, mas sim sete(!). O principal é Yul Brynner (que haveria de repetir o papel, mas em versão robot, em O Mundo do Oeste), um pistoleiro solitário que, após ser contratado por uma aldeia na raia mexicana para os ir defender das pilhagens do bando de Eli Wallach (o Tuco de O Bom, o Mau e o Vilão), junta uma equipa de mais seis soldados da fortuna: Steve McQueen, que ganharia a ribalta aqui; Charles Bronson, que começaria a treinar a sua técnica em instrumentos de sopro, aqui uma flauta, antes de dar o salto para a harmónica; Robert Vaughn, uma espécie de Robert Mitchum em mais bem vestido; James Coburn com poucas falas, mas presença incontornável; o debutante Horst Buchholz (quem?); e Brad Dexter, o elo mais fraco dos sete.

Sabemos que o 7 é um número com grande simbologia, desde os tempos da alquimia: os 7 pecados mortais, as 7 maravilhas do mundo ou os 7 a zero de Vigo. Por isso, não havia nada que pudesse correr mal em Os Sete Magníficos. O difícil nestes casos é sempre haver espaço para todos, mas o realizador John Sturges consegue que todos tenham o seu tempo de antena. Para isso, dá a cada um uma espécie de missão: Brynner e McQueen são os líderes; Bronson é o que dá lições às crianças; Buchholz é o jovem impetuoso; Vaughn é o que procura a redenção dos seus pecados; Dexter é o ambicioso; e Coburn é o bom gigante.

Os sete vão então chegar ao vilarejo e, primeiro, vão ter que conquistar a confiança dos locais, que escondem logo as mulheres pelo sim pelo não. Depois de partilharem a comida com os locais, os sete vão criar um laço forte com a comunidade, construído com base na integridade e sinceridade. Depois, é altura de fazer face a Tuco. O primeiro momento é à Os Soldados da Fortuna: ensinando os cidadãos a usar armas, a construir armadilhas e tentar compensar a inferioridade numérica com estratégia e inteligência. Mas isso é só adiar tudo para o desfecho em grande, num tiroteio mortífero numa cidade sitiada que lembra outro clássico, Rio Bravo.

John Sturges é um dos grandes realizadores de acção do período clássico de Hollywood, que parece ser subvalorizado. Três anos depois, com muitos dos mesmos intervenientes, faria A Grande Evasão e punha Steve McQueen nos píncaros. E, entretanto, acontecia a Trilogia dos Dólares e o western nunca mais seria o mesmo. A questão que fica é: depois de um Le Big Mac, que necessidade tínhamos de um remake?

Título: The Magnificent Seven
Realizador: John Sturges
Ano: 1960

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *