| CRÍTICAS | Força de Vingança

A Cannon, essa instituição que ensinou toda uma geração a ver filmes nos anos 80, teve várias estrelas nos seus quadros, de Chuck Norris a Jean-Claude Van Damme. No entanto, o seu ponta-de-lança titular, aquele que era o craque da equipa e que marcava golos sem parar, era outro: Michael Dudikoff.

É assim que se vê a diferença entre quem viveu os anos 80 e quem ouviu falar dos anos 80. Pergunte-se a alguém que cresceu nos eigthies quem era Dudikoff e é ver os seus olhos a brilhar automaticamente. Afinal de contas estamos a falar do ninja americano, esse soldado ao serviço do Tio Sam com queda para as artes marciais, que despachava mercenários em qualquer ponto do planeta. Ao todo foram três filmes na pele do soldado Joe T. Armstrong, mas ali entre o primeiro (O Regresso do Ninja Americano) e o segundo (Um Ninja Americano) que se encontra o seu título mais subvalorizado: Força de Vingança.

Realizado por Sam Firstenberg, o homem-forte da Cannon responsável pelo fenómeno ninja dos anos 80 (olá A Vingança de Ninja) e pelos ninjas americano, Força de Vingança deveria ter sido originalmente uma sequela de Invasão EUA. Contudo, quando Chuck Norris não mostrou interesse no filme, rapidamente a coisa foi reescrita para Dudikoff e para o seu perfil de soldado-ninja. E desta vez os inimigos vão ser… neo-nazis da extrema-direita neo-liberal norte-americana.

No entanto, Força de Vingança até começa como uma versão de O Malvado Zaroff: no bayou do sul dos Estados Unidos, quatro mascarados (cada um com uma máscara super-estilosa, excepto um que tem uma máscara sado-maso à Gimp… mas ei, não estamos aqui a julgar ninguém) caçam dois tipos que fogem desesperadamente. Depois ficamos a saber que pertencem à tal organização de extrema-direita de empresários ricaços, o Pentangle, e que querem matar o candidato a governador de Nova Orleães, Steve James.

A polícia anda atrás deles, mas não sabe quem está por trás do Pentangle. Mas sabe que eles organizam essas caçadas humanas e tentam convencer Michael Dudikoff a ser caçado(!). Obviamente que ele recusa, mas quando os ricaços executam Steve James a família (em cenas desnecessariamente violentas, em que todos os seus filhos são metralhados a sangue frio) e raptam a sua irmã adolescente, Dudikoff vai colocar mãos à obra. E, como é sabido, meter-se com Dudikoff é um grande erro.

Depois de andar ali um bocadinho às aranhas, a tentar tapar buracos no argumento, a dar algum tempo de antena a Steve James (sempre desnecessariamente em tronco nu, sempre muito intenso e… em cenas de lura em fast forward) e a tentar arranjar um pretexto para colocar quatro tipos mascarados a caçar Dudikoff, eis que Força de Vingança chega aonde pretende. E o último acto é mesmo o melhor do filme. Numa sequência muito estilosa, no meio de uma chuvada, Dudikoff luta com cada um dos mascarados, levando a melhor. E ainda vai a casa do chefão (John P. Ryan) acabar o trabalho que deixou meio-feito! No final, o Cheeseburger ficava em aberto para uma sequela, mas todos sabem o que aconteceu. A Cannon faliu e Dudikoff não cumpriu a carreira que a vida lhe prometia. A vida é injusta!

Título: Avenging Force
Realizador: Sam Firstenberg
Ano: 1986

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