E, de repente, 2020 está salvo!
Podem vir os vírus, as vespas assassinas, as explosões gigantes e a extrema-direita. Podem mandar ainda asteróides embater na Terra, invasões alienígenas e o Godzilla. Nada mais interessa. Em Setembro temos a 14ª edição do Motelx – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa e não precisamos de mais nada.
Se já tínhamos datas – de 7 a 14 de Setembro – agora temos os filmes. E um deles sobressai, porque já falámos dele aqui: Relic, de Natalie Erika James, filme que redefine o género da casa assombrada para dar forma a toda a culpa recalcada que temos no nosso interior. Mas os destaques não se ficam por aqui. Vai haver o nosso de Takashi Miike, First Love, que dizem que é o… 104º filme do japonês (wait, what?) e vai haver o documentário Scream, Queen! My Nightmare on Ele Street, sobre o primeiro stream queen masculino, Mark Patton, que queremos muito ver.
O Motelx volta a estar alinhado com o seu tempo e, apesar de não haver filmes sobre pandemia, há uma secção muito pertinente intitulada “Pesadelo Americano”, dedicada ao racismo no cinema norte-americano e que não podia rimar mais com o movimento #blacklivesmatter. Vamos poder ver em ecrã grande O Cão Branco, de Samuel Fuller (vénias a ambos, com saída à rectaguarda), The Intruder, do antigo homenageado Roger Corman, ou esse filme esquecido de Wes Craven, Os Prisioneiros da Cave.
Finalmente, mas não menos importante, destaque também para a homenagem a Pedro Costa, com a exibição de dois dos seus filmes, Cavalo Dinheiro e Ne Change Rien, e conversas com o próprio, onde se abordará certamente o legado de Jacques Tourneur, dos seus zombies e da sua relação com as sombras. Fica a falar o Ossos e O Sangue, mas não se pode ter tudo. Será o grande nome a marcar presença no Motelx este ano, pelo menos até novas notícias.
De resto, tudo na mesma. O São Jorge, em Lisboa, será o quartel-general, num ano em que as normas da DGS para o covid-19 serão tidas em conta, e a programação conta com as habituais secções competitivas, curtas nacionais e um número recorde de filmes assinados por mulheres.
2020 está salvo!