| CRÍTICAS | Prisão de Alta Segurança

Os anos 80 foram do caraças. O advento do VHS permitiu democratizar a série b, que encontrava nos clubes de vídeo um meio barato de chegar a toda a gente. Foi uma década de filmes de acção desnecessariamente violentos, com títulos poderosos e actores que normalmente misturavam grandes armas com habilidades ninja.

Nos anos 90 a coisa acalmou e a série b perdeu fulgor. Mesmo assim, nos primeiros anos da década ainda é possível encontrar um ou outro tesouro, normalmente esquecidos. É o caso de Prisão de Alta Segurança, com Cristopher Lambert – um dos últimos grandes nomes do straight to video -, uma espécie de versão genérica do Desafio Total. Basta olhar para este poster incrível, reproduzido no topo da página: Lambert em pose sedutora e de força ao mesmo tempo, um lettering reminescente do Robocop, provavelmente em referência a Kurtwood Smith, que entra em ambos, e um ambiente cyberpunk low budget que não podia ser mais apelativo.

Estamos então no hipotético futuro de 2017(!), em que vigora nos Estados Unidos a lei do filho único (já em 1992 a paranóia de que o crescimento populacional é exponencial). No entanto, como o aborto também é proibido, todos aqueles que teimem em ser pais pela segunda vez acabam presos. É o que acontece a Cristopher Lambert e a Loryn Locklin, que não conseguem dar o salto para o México e acabam detidos na prisão de alta segurança da MenTel: uma prisão subterrânea, no meio do deserto, guardada por um sistema avançadíssimo de inteligência artificial e que, claro, esconde um segredo escabroso por detrás das suas reais motivações.

A prisão é, portanto, o verdadeiro protagonista do filme e há que reconhecer que é uma bela prisão. Hoje está um pouco datada, mas apesar do baixo orçamento consegue manter-se respeitável e disfarçar o seu aspecto de série-b. Isso facilita qualquer filme de prisão, se bem que torna mais difícil a fuga. O que, no fundo, é a real motivação de qualquer filme de prisão. Isso significa que Prisão de Alta Segurança vai ter que espremer meia-dúzia de questões para poder funcionar no final.

Cristopher Lambert tem várias oportunidades de se armar em durão, há um par de sequências extremamente (e desnecessariamente) sangrentas e gráficas e o realizador Stuart Gordon (esse mesmo, o de O Soro Maléfico) até consegue arranjar pretexto para Loryn Locklin mostrar pele por duas vezes. Só é estranho ter insistido num epílogo completamente ridículo, que quase deita o Double Cheeseburger a perder.

Título: Fortress
Realizador: Stuart Gordon
Ano: 1992

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