| CRÍTICAS | Grudge Match: Ajuste de Contas

Existem filmes que não necessitam de argumento para existirem de pleno direito. Para isso basta uma ideia forte, que pode ser esticada até à duração de uma longa-metragem. É o caso de Grudge Match – Ajuste de Contas, filme que junta no mesmo ringue de boxe Robert de Niro e Sylvester Stallone.

Nesta sua última fase da carreira, Sky tem sabido gerir muito bem a bagagem cinéfila, da qual ele próprio faz parte como um dos principais intervenientes. Sky tem aproveitado esta fase da carreira que começava a ser descendente para reavivar uma última vez franchises como o Rocky ou o Rambo e aproveitado para cumprir alguns sonhos molhados dos cinéfilos mais hardcore, seja em Os Mercenários, seja em Plano de Fuga, onde uniu forças com outros sacos de músculos da sua geração. No entanto, nem o maluquinho dos filmes mais sonhador se atreveria a imaginar algo como Grudge Match – Ajuste de Contas.

Kid (Robert de Niro) e Razor Sharp (Sylvester Stallone) são então os dois maiores rivais da história do boxe, que há trinta anos protagonizaram dois combates míticos. Cada um venceu um dos dos combates, mas antes que pudessem lutar o terceiro, Sharp anunciou a reforma precoce. Durante as três décadas seguintes nenhum dos dois consegue arrumar como deve ser essa questão e agora, com a entrada em cena de Kevin Hart (essa imitação (ainda mais) irritante do Chris Rock), os dois vão marcar finalmente a desforra.

O mais interessante de Grudge Match – Ajuste de Contas é a forma como brinca com o legado de O Touro Enraivecido e os Rocky, quase em meta-referências. No pós-créditos, uma cena com Evander Holyfield e Mike Tyson tem o mesmo efeito. Tudo o resto é apenas um acumulado de lugares-comuns e um argumento tão esquemático e previsível que ninguém consegue acreditar nele.

Felizmente ainda há outra coisa que ajuda a suportar o filme até ao fim. E não, não é o tão anunciado combate entre Jake la Motta e Rocky Balboa, que o realizador Peter Segal não tem o bom-senso de não mostrar e de o manter apenas como sugestão (ninguém quer ver dois sexagenários ao soco um com o outro). Também não é Alan Arkin, que ninguém percebe como aceitou fazer parte disto. É antes Kim Basinger, cada vez mais rara, que decidiu entrar nisto para nossa sorte. E assim se desperdiça com um Happy Meal uma bela oportunidade de se fazer um filme sobre a passagem do tempo e sobre envelhecer.

Título: Grudge Match
Realizador: Peter Segal
Ano: 2013

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