| CRÍTICAS | The Wolf of Snow Hollow

The Wolf of Snow Hollow inicia-se com os jovens Jimmy Tatro e Chloe East a chegarem a uma cabana num vilarejo chamado Snow Hollow para um fim-de-semana romântico. Meia dúzia de banalidades pelo meio e ela acaba desfeita em pedacinhos, no exterior da cabana, ficando no seu lugar a pegada de um lobo gigante. Fazemos imediatamente a associação ao título do filme e percebemos que estamos numa história de lobisomens; e perante os contornos da cena de abertura, adivinhamos que estamos perante um slasher, a que só falta entender o quão gore será.

Contudo, enquanto que a primeira suposição é correcta, a segunda não poderia ser mais ao lado. The Wolf of Snow Hollow não podia estar mais longe do slasher movie, até porque também não é um filme de lobisomens convencional. Aliás, Jim Cummings (que além de realizar, também protagoniza), apenas utiliza os símbolos do género enquanto metáfora para a vida do (anti)herói desta história. John Marshall (Jim Cummings, lá está) é o xerife de Snow Hollow, tem daddy issues, um grave problema de alcoolismo e problemas em conter a raiva. Ou seja, ele é que é o verdadeiro monstro desta história.

Anda então um lobisomem à solta – ou um serial killer, já que John Marshall recusa categoricamente a possibilidade paranormal – e a vida do xerife entra numa espiral auto-destrutiva. Ao stress do caso, acumula-se a saúde frágil do pai (excelente Robert Forster, que teve aqui o seu último papel), que John compensar da última forma que sabe – gritando! -, um divórcio pouco amigável e, claro, a relação tensa com todos os seus colegas. John começa-se a refugiar no álcool, primeiro na cerveja, e depois em tudo o que tenha percentagem alcoólica lá em casa, seja perfume ou líquido bucal.

The Wolf of Snow Hollow é um filme do nosso tempo, ou seja, um filme alinhado com a velocidade em que vivemos, sem tempo para respirar, parar e reflectir. Cummings filma e edita à velocidade com que a sua personagem grita, pragueja e parte coisas. É tão rápido que chega ser difícil acompanhar certos diálogos. E é tão rápido que, a partir de determinado ponto, começa a ser mais uma acumulação de cenas, do que propriamente um filme.

Esqueçam os slow burner thrillers, Jim Cummings inicia aqui um novo estilo: o fast burner thriller. Só que, a isto, o sub-argumento do lobisomem acaba por se revelar furado e o que The Wolf of Snow Hollow tinha de bom rapidamente se esvazia. Não que o filme se torne numa perda de tempo, nada disso, é um McChicken bem sólido. Mas para o que promete de início – e tendo em conta o que Jim Cummings prometeu com o seu filme de estreia -, não deixa de ficar um certo sabor a desilusão na boca.

Título: The Wolf of Snow Hollow
Realizador: Jim Cummings
Ano: 2020

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