| CRÍTICAS | Eles Chegaram

Antes de haver um The Arrival que, pela primeira vez, veio abordar o problema da comunicação entre terráqueos e seres extraterrestres, houve um outro The Arrival, que o tempo rapidamente fez questão de esquecer. Foi em 1996, recebeu o título Eles Chegaram em Portugal e estrelava Charlie Sheen, que nos anos 90 tinha aquilo a que se pode chamar de uma carreira.

Sheen, de pera ridícula e cabelo espetado à Rui Pinto, é então um astrónomo da NASA que procura sinais de vida extraterrestre ao escutar os sinais vindos do espaço. Certo dia, depois de um contacto aleatório breve mas promissor, Sheen não só vê o seu superior desvalorizar a situação, como ainda fecha a torneira do financiamento do seu departamento, levando-o para o desemprego. Sheen não desarma, continua a investigar por conta própria e vai dar de caras com uma conspiração extraterrestre que, nos anos 90, punha as alterações climáticas na agenda.

Eles Chegaram é um filme estranho, em que o realizador David Twohy nunca se decide pelo que quer fazer. Começa por ser um filme de extraterrestres, ali entre o Encontros Imediatos do 3º Grau e Dia da Independência (que estreava quase na mesma altura), mas rapidamente dá um salto e torna-se num teen movie, quando Charlie Sheen ganha o sidekick mais inesperado dos anos 90: Tony T. Johnson, o miúdo que vive na casa ao lado(!). Depois, Sheen ainda há de viajar para o México, onde é convenientemente Dia de los Muertos, cruza-se com uma cientista que o tentará levar para a cama (ironia) e regressará para o clímax do filme, onde entram em cena todos os efeitos-especiais inovadores da altura, mas que hoje são tão datados quanto o penteado de Sheen e que parecem apenas uma versão má do Oogachaka Baby.

Para um filme sobre alienígenas invasores, Eles Chegaram é ainda extremamente tongue in cheek. Há um tipo que persegue Charlie Sheen durante todo o filme, que o tenta matar ao criar uma infiltração de água no quarto de cima no hotel em que ele está hospedado, para que o tecto ceda e a banheira caia em cima(!). Impagável! Além disso, ainda mata Lindsay Crouse libertando escorpiões no seu quarto(!!). Parece tudo uma sátira má a um filme do James Bond e torna-se involuntariamente risível.

Depois entram em cena os efeitos-especiais altamente datados, que explicam o esquecimento a que o filme rapidamente foi votado, e que chuta para canto um par de cenas que até podiam ser interessantes (como a sequência final no topo de um prato de uma torre de comunicação). Tudo extremamente esquecível, que serve para dar uma risada e pouco mais. Ou seja, um Happy Meal que traz um brinquedo sem interesse nenhum.

Título: The Arrival
Realizador: David Twohy
Ano: 1996

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