| CRÍTICAS | Bolero

Não sei como era em privado, mas a vida pública de John e Bo Derek era muito estranha. Depois de se ter tornado numa sex symbol, com o sucesso da comédia romântica 10 – Uma Mulher de Sonho, John Derek tentou capitalizar o sucesso da mulher num par de filmes que ele próprio realizou, tão patetas quanto gratuitos na exploração do seu corpo. Bolero, o mais badalado dos três – afinal foi aquele em que a pôs a andar de cavalo toda nua, naquela que se tornaria numa das suas imagens de marca – mete-a na cama com vários homens, enquanto pega emprestado para título a composição homónima de Ravel que, em 10 – Uma Mulher de Sonho, servia de banda-sonora à popular cena de sexo de Bo Derek.

Bolero é então um softcore-porn em que Bo Derek e a amiga Catalina (Ana Obregón), depois de se terminarem os estudos num colégio interno conservador, decidem ir perder a virgindade e explorar o êxtase. Assim, com a companhia do mordomo/motorista George Kennedy (que, na altura, ainda não começara a explorar o filão das comédias absurdas para antigas estrelas e que, por isso, precisava de pagar as contas de que maneira fosse), Bo Derek e a amiga viajam para Marrocos, para conhecerem um sheik qualquer, como nos filmes de Rudolph Valentino. Depois de Greg Bensen adormecer antes de desflorar Bo Derek, esta abandona-o e vai para Espanha, conhecer um toureiro, que lhe possa mostrar finalmente o que é o êxtase.

Com uma edição desastrosa, diálogos saídos de um teatrinho de escola e Bo Derek a esbugalhar sempre os olhos, a coisa lá se vai desenrolando, sempre à volta do corpo da actriz, que em cada cena experimenta um figurino diferente e ousado. Pelo meio, o seu amante toureiro (Andrea Occhipinti) é colhido por um touro na… pilinha e a forma de Bo Derek curar a sua impotência é aprender a tourear(!). Uma famosa receita médica para a impotência… Por isso, às cenas de nudez gratuita, John Derek junta as cenas de Bo Derek a andar de cavalo, até porque ela sempre foi uma entusiasta da equitação.

Ah, é verdade… pelo meio ainda volta a aparecer o sheik, que rapta Bo Derek porque quer ser ele a tirar-lhe a virgindade, mas ela acaba por saltar do avião(!) e aparecer em casa na cena seguinte(!!). Pouca coisa faz sentido em Bolero, começando logo pelos motivos que levaram este filme a ser feito. Dá a ideia de que John Derek gostava de ver a esposa com outros homens, mas será que não o poderia ter feito na privacidade do lar? Tivemos mesmo que aturar hora e meia disto? Bo Derek foi/é uma das mulheres mais belas de sempre, mas nem isso salva este miserável Pão com Manteiga.

Título: Bolero
Realizador: John Derek
Ano: 1984

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