| CRÍTICAS | Três Homens e um Bebé

Se algum dia tiverem que explicar ou convencer alguém de que vivemos num mundo patriarcal, usem apenas estas cinco palavrinhas: Três Homens e um Bebé. Este é um filme sobre três homens que têm que cuidar de um bebé. Ponto. Só isto. Ou seja, aquilo que as mulheres fazem nos intervalos das suas vidas, quando é com homens dá para fazer um filme inteiro. De 1 hora e 40 minutos. E foi o filme mais visto nos cinemas do mundo todo em 1987.

Tom Selleck, Ted Danson e Steve Guttenberg são três solteirões a viver sozinhos num apartamento brutal, no centro de Nova Iorque. O primeiro é arquitecto, o segundo é actor e o terceiro é ilustrador, o que não explica como é que têm dinheiro para aquela mansão no coração de uma das cidades mais caras do mundo, mas ninguém parece se preocupar com isso. Até porque os três estão demasiado preocupados em aproveitar a sua vida sem grandes responsabilidades emocionais.

Até que, um dia, quando Ted Danson parte para umas filmagens de algumas semanas na Turquia, uma inesperada encomenda surge à porta do apartamento: um bebé! Segundo a nota no interior, Mary é filha de Ted Danson de um caso esporádico com uma aspirante a actriz e esta, a passar um mau bocado, precisa de tempo para reorganizar a vida. Eis então dois solteirões (que hão de ser três em breve) a braços com uma criança, que só come, berra e faz cocó.

Não há muito para inventar em Três Homens e um Bebé e é nas dinâmicas entre os três actores e a criança que o filme se faz. Gags com as fraldas, com xixi e cocó e com muita privação de sono, com os quais é fácil nos identificarmos, até mesmo para quem não tem filhos. Mesmo assim, o realizador Leonard Nimoy decide enfiar lá no meio um subplot com uns traficantes de droga, mas que é despachado ainda antes de começar o terceiro acto, quando entra em cena a mãe do bebé (Nancy Travis).

Espera lá! Leonard Nimoy, o mr. Spock, é o realizador? Sim, não é gralha, Três Homens e um Bebé marcou mesmo a estreia de Nimoy na cadeira de realizador. E até consta que a coisa não correu propriamente bem entre ele e os três protagonistas do filme. Este dado trivial está quase ao mesmo nível de ter sido George Miller, o realizador de toda a série de Mad Max, o criador de Um Porquinho Chamado Babe. Aliás, ele próprio realizou a sequela.

Entretanto, Três Homens e um Bebé fecha o arco narrativo com a chegada da mãe, que depois dos homens se terem habituado à criança, cria a família perfeita. Pouco convencional, mas perfeita. O que poderia passar uma mensagem muito bonita de que a família funciona de qualquer forma, independentemente dos papeis de género tradicionais da mãe e do pai, desde que com estabilidade, condições, amor e educação. Mas depois deste McChicken, haveria de vir uma sequela a negar tudo isso. Mas isso é uma crónica para outra ocasião.

Título: Three Men and a Baby
Realizador: Leonard Nimoy
Ano: 1987

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