| CRÍTICAS | Upgrade – Máquina Assassina

Vivemos em plena era digital e a velocidade a que a tecnologia evolui e as coisas acontecem continuam a fascinar-nos quase a uma velocidade diária. O advento dos dispositivos móveis e a democratização das redes sem fio permitiu-nos estar conectados quase em permanência, com os smartphones a tornarem-se extensões do próprio corpo humano. Além disso, com a transição do analógico para o digital, os suportes físicos desmaterializaram-se. Se juntarmos tudo isto à evolução da inteligência artificial, as conquistas recentes têm sido assombrosas.

Se isto é assim em 2021, imaginem em 2046, o ano em que se passa Upgrade – Máquina Assassina. No entanto, Grey (Logan Marshall-Green) é um tipo old school, que não gosta muito de tecnologia. Basta ver aquela panorâmica inicial, pela sua oficina, que é reveladora do seu carácter. Num futuro próximo em que a tecnologia é cada vez mais omnipresente, Grey restaura carros antigos, numa garagem onde ouve música num velhinho gira-discos.

Depois, para resumir a coisa, Grey e a namorada Asha (Melanie Vallejo) hão de ser assaltados, ela morta e ele fica paraplégico. Entra em cena o Elon Musk da altura (Harrison Gilbertson), um milionário excêntrico que lhe propõe implementar secretamente um chip que inventou, que não só lhe permite voltar a andar, como torna-se mais forte, mais ágil e mais rápido. Ou seja, o chip faz um upgrade ao seu corpo e permitem-lhe ir procurar vingança, porque tornou-se numa máquina assassina.

Grey torna-se então num RoboCop fundido com o KITT, já que tem uma voz na cabeça com quem conversa e a quem dá ordens. A voz na cabeça é o chip que comanda o seu corpo nas lutas mano-a-mano, altamente estilizadas, com a realização vertiginosa de Leigh Whannell, mas sem ser imperceptível. Upgrade – Máquina Assassina é um John Wick mais futurista, com pancada de meia-noite e algum gore gratuito.

Upgrade – Máquina Assassina tem ainda espírito, à medida que Grey se vai habituando à sua nova existência (e que tem que manter em segredo da detective (Betty Gabriel) que investiga o seu caso), oferecendo-nos o embrulho xunga completo. Infelizmente, não se entende a obsessão pelo twist final, que transforma a história na patetada mais forçada de sempre. Como se fosse preciso aquilo tudo para percebermos que o filme mais não é do que uma metáfora à omnipresença da tecnologia das nossas vidas. Se quiséssemos pensar nisto víamos o Ex Machina. Mas pronto, o McChicken é entretido o suficiente. E viram?, consegui terminar esta prosa toda sem mencionar o quão parecido Logan Marshall-Green é de Tom Hardy.

Título: Upgrade
Realizador: Leigh Whannell
Ano: 2018

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