| CRÍTICAS | Elf – O Falso Duende

A terceira temporada de The Movies That Made Us é dedicada aos filmes de natal e, além de só ter dois episódios (uma temporada só com dois episódios?), um deles é Elf – O Falso Duende. A sério que só havia dois filmes de natal para uma temporada inteira dedicada à temática natalícia? E a sério que Elf – O Duende Falso era um dos dois títulos mais indicados para isto?

Elf – O Falso Duende é o filme que fez de Will Ferrell o que ele é hoje. Ou seja, um actor de comédias patetas, que passam invariavelmente no domingo à tarde na televisão. Até aí, era um dos membros do Saturday Night Live, especialista em fazer o papel que faz em todos os filmes: o de criança grande, invariavelmente demasiado velho para o papel em causa. Ferrell é então um homem normal que é criado por elfos no Pólo Norte, ao serviço do Pai Natal. Quando percebe que, afinal, há algo de estranho com o seu tamanho (e com alguma falta de jeito para fazer brinquedos), Ferrell descobre que o seu pai é um homem de negócios que vive em Nova Iorque e lá vai ele para o conhecer.

O início de Elf – O Falso Duende passa-se no Pólo Norte e é uma mistura de stop motion tipo Pingu mas em pior, com todo o folclore da fábrica de brinquedos do Pai Natal. No episódio respectivo de The Movies That Made Us descobri que esse imaginário é, contudo, pilhado das produções da Rankin/Bass. Depois, Will Ferrell viaja para Nova Iorque e é o típico filme do peixe fora de água, com o devido choque de culturas, por vezes filmado em modo guerrilha nas ruas nova-iorquinas, outras à base de gags mais ou menos previsíveis.

Na verdade, Elf – O Falso Duende é apenas um filme sobre pais e filhos, em que o primeiro acaba por descobrir que não está a dedicar tempo suficiente aos segundos, que por sua vez gritam desesperadamente por atenção. Por um lado, o filme tem a magia natalícia de um filme desta quadra, com Jon Favreau (que então era também apenas um actor mais ou menos reconhecível, quem diria que iria salvar o natal e, mais tarde, o Star Wars) a saber criar atmosfera; por outro, é fácil fazer tudo isto quando a escolha do elenco é um autêntico jackpot. James Caan – esse mesmo, o irascível Sonny Corleone – é o pai, Bob Newhart é o pai-elfo, Edward Asner é o Pai Natal e uma também então semi-desconhecida Zooey Deschanel é o interesse amoroso de Ferrell. Ou seja, aos nomes consolidados da comédia norte-americana e a James Caan, junta-se o pateta bem intencionado Ferrell e a adorável de olhos grandes Deschanel. E esta, que na altura ainda não tinha gravado com M. Ward nos mui recomendável She & Him, abre a goela para salvar o dia com uma bela cantiga. Ah, e também aparece Peter Dinklage, pré-A Guerra dos Tronos, para explicar em uma cena toda a discriminação para com os anões no cinema.

Elf – O Falso Duende não é um filme perfeito, nem perto disso. O argumento é esquemático e não se furta a um par de decisões duvidosas – que raio, a mulher de James Caan descobre que o marido tem um filho ilegítimo e faz uma festa? -, mas tem aquela costela capriana de quem está de bem com a vida, que nos faz sentir imediatamente melhor. E sim, só por isso merece estar na temporada natalícia de The Movies That Made Us e sacar um McBacon.

Título: Elf
Realizador: Jon Favreau
Ano: 2003

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