O cenário é comum nos westerns spaghetti: um saloon, um piano de rolo a um canto e uma mesa no centro onde um bando de mal-encarados joga póquer. De repente, surgem na mesa cinco ases. Rapidamente as suspeitas recaem sobre o jogador que tem estado a vencer a noite toda. Os ânimos exaltam-se e este dispara sobre o acusador em auto-defesa. Stark (Giovanni Cianfriglia), que é o mais silencioso dos jogadores, captura-o e entrega-o ao xerife, que também se encontra na sala. Afinal de contas, Stark é um caçador de recompensas e este é um esquema que utiliza para ter bandidos à mão de semear.
É um bom gimmick para lançar Homens Perigosos, até porque de seguida surge no mesmo saloon Django (Ivan Rassimov) – ou Johnny Dark, consoante a versão que apanharem. É que, com o sucesso do filme de Sergio Corbucci, houve um aproveitamento desavergonhado da sua personagem, renomeado os protagonistas dos filmes com o seu nome para que o público pensasse que fosse uma sequela.
Django vai então cair no canto do vigário, mas como é um pistoleiro exímio, não se deixa apanhar por Stark. Contudo, este parte em perseguição sem tréguas, em busca de vingança, esse sentimento obrigatório de todo o western spaghetti que se preze. O que ninguém esperava é que, à medida que Django vai avançando, vai encontrando novos subplots e entrando em novos filmes.
Tentemos ser o mais resumido possível num só parágrafo: Django há de ser alvejado e levado para a fazenda de Aldo Cecconi, com quem vai construir uma amizade sólida enquanto recupera. Ao mesmo tempo desenvolve uma estranha (e desconfortável) relação de amor platónico (e algo erótica) com a sua filha-criança; entretanto, um empresário malvado tenta obrigar o fazendeiro a vender o terreno, para construir ali uma linha de ferro; e, como se isto não fosse já suficiente, ainda há de aparecer um aliado de Django, que tinha aparecido num prólogo do qual já não nos lembrávamos com uns mexicanos renegados, e que o vai ajudar nestes confrontos todos. Até porque Stark continua no seu encalço…
Uff… que canseira. Parece tudo muito complicado e até o é, mas o realizador Sergio Garrone (que, na sua filmografia, exploraria o filão djangoexploitation sem piedade, tendo feito mais dois djangos, entre eles o semi-recomendável O Sinal de Django) alinha tudo pelo mesmo diapasão: há Django, há muitos maus e têm que morrer todos em tiroteios mais cedo ou mais tarde. Por isso, antes que o baixo orçamento esgotasse, despacha-se tudo à lei da bala, ainda antes do Happy Meal esfriar. Siga para o próximo!
Título: Se Vuoi Vivere… Spara!
Realizador: Sergio Garrone
Ano: 1968