| CRÍTICAS | The Other Side of the Door

Quando descobrem que vão ser pais, Sarah Wayne Callies e Jeremy Sisto tomam a decisão radical de se mudarem de armas e bagagens para a Índia. Afinal de contas, são vários os motivos: ambos gostam do clima e do estilo de vida tranquilo do país, é mais conveniente para o trabalho de compra e venda de antiguidades dele e, claro, facilita em construir uma ponte com o misticismo espiritual e exótico de um país do outro lado do mundo, que vai ser fundamental para o filme.

The Other Side of the Door é um filme de fantasmas, que demora a posicionar as suas peças no tabuleiro. A jogada de abertura é essa mudança para a Índia – que é sempre retratada com aqueles filtros de favela-chic, cheia de clichés e estereótipos racistas – e a jogada seguinte é o acidente de carro que Sarah Wayne Callies tem com os filhos. O seu mais novo acaba por falecer e ela vai ter dificuldades em lidar com o sentimento de perda e o de culpa.

Entra então em cena a criada indiana, Piki (Suchitra Pillai), que obviamente que usa o sinal vermelho na testa não vá a gente esquecer-se que estamos na Índia, e vai revelar-lhe a existência de um tempo místico, espiritual e exótico(!), onde poderá conversar uma última vez com o seu filho falecido. As instruções são claras e só existe uma regra: aconteça o que acontecer, Sarah Wayne Callies não deverá nunca – mas mesmo nunca! – abrir a porta. Óbvio que, à primeira possibilidade, Sarah Wayne Callies irá abrir a porta.

A partir daí, arranca definitivamente o filme de fantasmas. The Other Side of the Door torna-se especialmente atmosférico, traz ainda para a equação os Aghori (uma seita espiritual de canibais) e o realizador Johannes Roberts monta meia-dúzia de sustos bem conseguidos. O problema é que o filme não pode ser só isso e é necessário algo mais e, inevitavelmente, a manta vai tornar-se curta para tapar o corpo todo. Roberts lança ainda a cartada da criança possuída, mas isso não salva nada, antes pelo contrário. Felizmente, The Other Side of the Door tem o final certo, que permite fechar o filme como um círculo perfeito, que o salva da mediania. Quer dizer, não é que o Cheeseburger seja menos esquecível, mas ao menos já lhe valeu um texto aqui neste tasco.

Título: The Other Side of the Door
Realizador: Johannes Roberts
Ano: 2016

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