| CRÍTICAS | Jiu Jitsu

Nicolas Cage continua na sua demanda pessoal de participar no maior número possível de filmes na vida e nos mais estranhos que conseguir. Quer dizer, não sei se isso é verdade, mas se não é, parece. Ora vejamos este: Jiu Jitsu, um filme de ficção-cientifica cruzado de artes marciais de baixo orçamento filmado no Chipre (a primeira produção de Hollywood de sempre a ser feita nessa ilha), em que uma ordem ancestral de lutador de jiu jitsu que nunca lutam jiu jitsu(!) têm que enfrentar um monstro-versão-da-Wish-do-Predador. Jiu Jitsu é, até há data, o filme da carreira de Nicolas Cage com a menor pontuação no IMDB(!!), o que diz muito de um actor que tem no seu currículo Left Behind – A Última Profecia.

A premissa de Jiu Jitsu é, desde logo, um achado. Existe uma criatura-divindade mestre em jiu jitsu que, uma vez desceu à Terra, e ensinou a um par de eleitos essa arte marcial. Ou acham que uma coisa dessas poderia ter sido criada por um homem? O monstro uma espécie de Predador, mas mais genérico (se bem que tem um fato fixe), que tem o mesmo sistema de camuflagem e o mesmo tipo de visão de infra-vermelhos, fez isso com o mesmo intuito predatório: de 6 em 6 anos vem à Terra de cometa(!), desce ao planeta através de um pórtico dimensional(!!) e luta com essa ordem ancestral de lutadores. Se ganhar, destrói o planeta depois; se perder, regressa a casa e descansa por mais seis anos.

Jiu Jitsu começa, no entanto, com um amnésico Alain Moussi (esse mesmo, o do reboot do Kickboxer, que curiosamente também é feito pelo realizador Dimitri Logothetis) a ser resgatado pelo exército norte-americano nas Filipinas. Durante mais tempo do que era desejável, os soldados – especialmente Marie Avgeropoulos, que há de desaparecer lá para meio do filme, e Eddie Steeples, que tem a seu cargo o comic relief, que obviamente é confundido com overacting brejeiro – tentam descobrir quem ele é e só ao fim de mais de meia-hora é que começa a pancadaria a sério. Moussi é resgatado pelos colegas da tal ordem de lutadores de jiu jitsu da qual ele faz parte (e onde estão nomes bem conhecidos da xungaria de artes marciais, como Tony Jaa, Frank Grillo ou Rick Yune), explicam-lhe o que se passa e preparam-se para a chegada da criatura.

As coreografias de luta são interessantes qb, se bem que demasiado encenadas, e os buracos pelo meio são cheios com diálogos disparatados e com um Nicolas Cage em full mode: cabelo comprido, óculos de aviador e bandana à Rambo. O próprio disse que se baseou numa mistura entre o Vin Diesel e o Willie Nelson. Ri-me. No entanto, nem isso chega para salvar o desastre que é Jiu Jitsu. Ao fim da segunda coreografia de pancadaria é como se já tivéssemos visto tudo, os efeitos-especiais são confrangedores e o monstro, às tantas, ganha uma cara por trás da máscara branca que é risível e que faz o filme perder o último pingo de compostura que tinha. Que bagunça! Como é que um filme destes, top Sharknado, se pode levar tanto a sério? É uma dor de alma dar-lhe uma Hamburguesa de Choco.

Título: Jiu Jitsu
Realizador: Dimitri Logothetis
Ano: 2020

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