| CRÍTICAS | Moonfall – Rota de Colisão

Podemos dizer que Moonfall – Rota de Colisão, o novo disaster movie de Roland Emmerich, o rei dos filmes tragédias, é o completo oposto de Não Olhem Para Cima. Enquanto que o filme de Adam McKay, um dos acontecimentos do ano cinematográfico passado, era uma apologia à ciência e, em plena pandemia, desmontava teorias da conspiração e provava, por a mais b, que as nossas elites não são assim tão inteligentes, Moonfall – Rota de Colisão dá palco aos chalupas e mostra que everything is possible when you lie.

Ora vejamos: em Moonfall – Rota de Colisão, filme em que a lua sai de órbita e dirige-se de encontro à Terra, um maluquinho daqueles de chapéu de papel de alumínio (John Bradley) não só é o primeiro a aperceber-se do que está a acontecer ao satélite, como ainda vai ao espaço na missão espacial que vai resolver as coisas todas e vai provar que tem razão. Ou seja, a lua não tem nada de natural e é antes uma megaestrutura, ou seja, objectos alienígenas de dimensões gigantescas, qual Estrelas da Morte.

No entanto, Moonfall – Rota de Colisão começa de forma bem mais calma, num rio-off mais ou menos descarado de Gravidade. Patrick Wilson, Halle Berry e Frank Fiola são então astronautas em mais um dia de trabalho, quando um estranho acidente acontece e este último perde a vida. A NASA sacode a verdade para debaixo do tapete, as denúncias de Patrick Wilson de que algo estranho aconteceu são refutadas e ele é afastado, caindo em total descrédito. Anos mais tarde, descobre-se que esse acidente não foi um acidente, há uma estranha força a afectar a lua e esta acaba de sair de órbita e vem em direcção à Terra. Pelo caminho, as placas tectónicas vão ficar malucas, a gravidade e o oxigénio vão ser afectados e as marés vão formar tsunamis gigantes. Ou seja, o cenário perfeito para Roland Emmerich fazer aquilo que sabe melhor e que mais gosta: destruição total!

O mundo está para acabar e lá têm que vir os americanos salvar o dia. E como Bruce Willis não está disponível, a equipa responsável vai ser a mais improvável: o tal astronauta desacreditado, o maluquinho do chapéu de papel de alumínio e a actual directora da NASA, que é Halle Berry, a astronauta da primeira cena. Ao subirem à lua vão ente descobrir que esta é uma megaestrutura criada pelos alienígenas que criaram a raça humana e que a tal força que está a influenciar a lua é nanotecnologia controlada por uma entidade de inteligência artificial super-avançada que saiu de controle(!). É a vantagem da nanotecnologia: como é microscópica dá para fazer tudo, que nós não a vemos. Já tinha sido assim no remake disparatado de O Dia Em Que a Terra Parou.

Mas como Roland Emmerich queria mesmo era fazer um filme catástrofe e não um sci-fi espacial, teve ainda tempo para arranjar um sub-enredo com os filhos daquela malta que ficaram na Terra (com Charlie Plummer a liderar), a escapar a ondas gigantes, oxigénio rarefeito e bandidos que os querem assaltar. E, por incrível que pareça, são nessas cenas – e não as do espaço – que denunciam todo o baixo orçamento do filme, especialmente numa perseguição automóvel que parece um jogo de vídeo. Aliás, há partes do GTA que são mais realistas do que as perseguições de Moonfall – Rota de Colisão. Antes de terminar, há também outra surpresa: um final que remete para o 2001: Odisseia no Espaço e que serve para introduzir a origem da Humanidade, meio new-age meio-chalupice. Até mesmo para o que estamos habituados de Roland Emmerich, este é um Happy Meal abaixo do expectável.

Título: Moonfall
Realizador: Roland Emmerich
Ano: 2022

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