| CRÍTICAS | Cop Game

Para a maoria das pessoas que gostam de cinema, o nome de Bruno Mattei provavelmente não dirá nada. Mas para quem gosta de cinema xunga, o italiano é uma espécie de deus. Se bem que não necessariamente um deus bom… Bruno Mattei é um dos mais profícuos realizadores de série b de sempre, que experimentou basicamente todos os sub-géneros: vários estilos de exploitation, pepluns, mulheres na prisão, zombies, canibais e muita nazisploitation. Já na última fase da carreira, Mattei ainda beneficiou do advento do VHS e dos filmes straight-to-video e, claro, dessa meca da xungaria que foi a abertura das Fiipinas à produção cinematográfica de baixo custo.

Bruno Mattei tem assim vários títulos-chave na sua carreira (O Regresso do Exterminador é um dos maiores clássicos), muitas histórias incríveis (como o conseguir filmar dois filmes em simultâneo, com o mesmo cast e reciclando a maioria das cenas) e alguns títulos perdidos e mais difíceis de achar. Um deles é Cop Game, que tem também um certo estatuto, porque é um dos seus trabalhos em que mistura dois géneros num só. Primeiro, começa como um policial buddy movie. E depois, quando ninguém está à espera, transforma-se subitamente num war movie no Vietname.

É a primeira metade que faz valer Cop Game. A guerra do Vietname está a dar as últimas e, do nada, soldados norte-americanos começam a emboscar e a metralhar os membros de uma força de elite chamada Força Cobra – óptima cena de entrada, em câmara lenta, com os maus a usarem assustadoras máscaras de gás limpam o sebo a um oficial na piscina. Os Estados Unidos já têm má publicidade que chega e procuram então resolver a coisa internamente. Chamam então Morgan (Brent Huff) e Hawk (Max Laurel), dois soldados pouco ortodoxos tanto nos métodos de trabalho, como na forma de agir, de se vestir e até de representar.

Os dois (excepto quando é só Morgan, porque Hawk se ausenta inexplicavelmente da história – tem os miúdos doentes(?), diz às tantas Morgan, quando já não é possível explicar mais tanta ausência (mesmo para os standards de um filme xunga)) vão então andar à caça do que se passa e acabarão por desvendar algo mais, que os leva à linha da frente da guerra, para uma segunda metade em que Cop Game abraça por completo o war movie. Explosões, bodycount elevado e muitos filipinos a fazer de vietcongs na selva das Filipinas.

Pelo meio há muita found footage da guerra e explosões de outros filmes, que são pilhadas alarvemente, uma perseguição de carro nas ruas de Saigão que, infelizmente, se passa à noite e, por isso, não se consegue ver – até desembocar numa alta perseguição com carrinhos de brincar -, uma tipo gira que surge na história apenas para haver uma tipo gira (Candice Daly) e uma theme song que grita power ballad dos anos 80 por todo o lado e que passa tantas vezes até nos fazer sangrar dos ouvidos (cantada por Maurizio Cerantola, vocalista dos italianos Shout – vão ouvir!). Cop Game é assim um dos filmes mais ou menos perdidos de Bruno Mattei que teria muito a ganhar se se tivesse mantido como um cop movie, especialmente pela originalidade da premissa. Fora isso, é o Happy Meal do costume, apenas para fãs hardcore do género.

*o filme está disponível para ver gratuitamente na Cave dos Filmes Esquecidos

Título: Cop Game
Realizador: Buno Mattei
Ano: 1988

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