| CRÍTICAS | A Pirâmide

Em plena Primavera Árabe, uma equipa de documentaristas chega ao Cairo para acompanhar uma equipa de arqueólogos que acabam de fazer uma descoberta incrível: uma nova pirâmide. Ainda para mais, esta tem uma particularidade muito própria. É que, ao contrário de todas as outras, esta só tem três faces. Isso significa que será um túmulo especial quando comparado com os outros. Ou então foi feita por extraterrestres, diz um dos documentaristas às tantas. Risos nervosos.

Com o caos nas suas do Egipto e com a equipa de arqueólogos a ter que abandonar o país de urgência, pai e filha (Denis O’Hare e Ashley Hinsaw) e os dois documentaristas (Christa Nicola e James Buckey) decidem apressar a missão e entrar na pirâmide sozinhos. Escusado será dizer o que acontece depois, não é? E tendo em conta que está a ser tudo filmado para a televisão, também é de prever que daqui vai sair mais um found footage movie. Certo? Mais ou menos.

De facto, grande parte do tempo, A Pirâmide é um filme de found footage. No entanto, o realizador Grégory Levasseur sente falta, muitas vezes, de uma segunda câmara para montar certa cenas. Por isso, a solução que encontra é… alternar entre a found footage e o filme convencional. O que é uma opção decididamente estranha, tendo em conta que o objectivo principal do found footage é prolongar a suspensão da descrença evitando o dispositivo fílmico. Enfim, tendo em conta que Levasseur é o mesmo tipo que escreveu o remake de Maniac, o filme todo feito em POV que, depois, decide colocar um par de cenas que desmonta por completo o truque, talvez explique muita coisa.

Quanto ao resto, A Pirâmide é um filme que não tem grandes surpresas. Com uma economia narrativa série b, A Pirâmide encontra uma razão plausível para atirar para o interior daquela pirâmide misteriosa um grupo de pessoas, que de repente se vão a ver a braços com uma luta pela própria sobrevivência. A Pirâmide é um creature movie e, depois de alguns gatos super-carnívoros de início, atira-nos o Anubis feito num CGI terrível, digno de um staright-to-movie, que arruina qualquer réstia de esperança que ainda podia haver de isto vir a ter algum interesse.

Por entre um argumento risível com divindades egípcias e sacrifícios humanos, A Pirâmide tenta jogar em dois tabuleiros ao mesmo tempo – o de Cubo, com um herói colectivo encerrado num espaço fechado, e o de Indiana Jones, com arqueólogos a desvendar armadilhas ancestrais – e falha em ambos redondamente. E, claro, toda a opção do falso found footage, no qual nem sequer se esforça em manter só ajuda a querermos odiar muito esta Hamburga de Choco. Só é incrível como é que alguém ainda pensou que isto podia ter algum sucesso de bilheteira e gastou dinheiro na sua promoção.

Titulo: The Pyramid
Realizador: Grégory Levasseur
Ano: 2014

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