| CRÍTICAS | Don Verdean

Jared Hess continua a aumentar a sua colecção de cromos de filme para filme, desde que o conhecemos com Napoleon Dynamite – Um Novo Herói. São sempre personagens bizarras, com interesses, passatempos e obsessões cavernosas, que se tivessem na mesma turma dos nerds de A Revoltas dos Marados estes nunca teriam de se revoltar. E Don Verdean (interpretada por Sam Rockwell), que tal como Napoleon Dynamite também dá título ao filme, entra directamente para o topo dessa equipa.

Don Verdean é então um arqueólogo religioso, especialista em descobrir artefactos bíblicos (e a vender VHS), que é o melhor do ramo. Por isso, não é de admirar que dois evangélicos cheios de dinheiro, apostados em aumentar o número de fiéis, crentes e seguidores, tenham decidido em patrocina-lo, enquanto mecenas oficiais dos seus descobertos. Por isso, ao longo de todo o filme, Verdean irá procurar coisas tão diferentes quanto o crânio de Golias ou a Arca do Triunfo. Sim, é como o Indiana Jones ou a Lara Croft, mas em versão maluquinho cristão.

Como seria de esperar, os métodos de Jared Hess não são propriamente os melhores. Por isso, quando a pressão começa a aumentar e Deus não dá uma ajudinha para encontrar o crânio de Golias nos vales de Israel, Verdean decide improvisar. Pede ajuda a Boaz (Jemaine Clement a abusar do sotaque, numa personagem que, por isso, acaba por sair do cânone das bizarrarias de Jared Hess), o israelita que o ajuda no terreno, mas este entusiasma-se e exagera sempre mas um bocadinho. Por isso, de repente, a coisa entra num efeito bola de neve e, de repente, parece um daqueles casos tipo Autópsia E.T.

Obviamente que tudo isto é filtrado pelo estilo seco e absurdo de Jared Hess, que Sam Rockwell incarna na perfeição com um estilo tão pausado que até mete raiva, se bem que lhe falta um pouco de um certo fazer quase artesanal, que havia na filmografia. E há uma ideia constante de que falta sempre algo mais ao longo de todo o filme. Nunca há um momento uau que sobreviva para lá da duração do filme (um Napoleon Dynamite a dançar não se encontra todos os dias) ou um imaginário verdadeiramente absurdo como eram os romances de ficção-científica de As Crónicas de Bronco. Aqui os artefactos bíblicos são parvos, mas numa perspectiva de fraude. Talvez o problema seja de Jared Hess, que nos tem habituado mal, mas Don Verdean é um Cheeseburger que sabe a pouco.

Título: Don Verdean
Realizador: Jared Hess
Ano: 2015

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