| CRÍTICAS | The Night House – Segredo Obscuro

Nunca chegamos a conhecer Owen (Evan Jonigkeit), o marido e Rebecca Hall – sem ser nos vários flashbacks que irão aparecer ao longo do filme regularmente -, porque quando The Night House – Segredo Obscuro começa já ele decidiu pegar num bote a remos, ir para o centro do lago da propriedade onde vivem e estoirar os próprios miolos. Ficam muitas questões por responder, para as quais Rebecca Hall vai procurar respostas ao longo de todo o filme, mas a mais pertinente de todas nunca nos é esclarecida: que raio fazia aquele homem para viver para conseguir pagar uma casa daquele tamanho, numa propriedade com uma floresta e um lago? É que não seria com o ordenado de professora primária dela, certamente.

Rebecca Hall está então a atravessar um período de luto ainda muito fresco, que se tornava ainda mais difícil de aceitar por ninguém ter previsto aquele desfecho. Afinal de contas, o casal vivia uma vida feliz e realizada e, ao contrário dela, Owen nem sequer tinha grandes tendências depressivas. No entanto, de forma fortuita, Rebecca Hall encontra uma fotografia de outra mulher no telemóvel do marido falecido. E, de repente, segredos que pareciam não existir começam a ser desvelados aos poucos e poucos: quem era aquela mulher? Haveria outras? Seria um caso extraconjugal? E, esperem, porque há uma casa do outro lado do lago? E porque parece ser uma cópia invertida da casa original??

É durante o build up que The Night House – Segredo Obscuro é mais interessante, até porque Rebecca Hall é muito boa a fazer estes papeis meio neuróticos, à beira de se estilhaçar emocionalmente a qualquer momento (para qualquer dúvida é favor consultar o bem mais recente Resurrection). O realizador David Bruckner monta um thriller psicológico estilizado, onde vamos desvendando os segredos do passado do marido de Rebecca Hall ao mesmo tempo que ela, levando-nos a mergulhar naquele sentimento de paranóia. É que, além desses segredos, existem também rádios que se ligam sozinhos à noite, episódios de sonambulismo que nunca tinham acontecido antes e outros sinais que nos fazem desconfiar que alguma coisa mais paranormal pode estar envolvida. Ou será que é tudo na cabeça de Rebecca Hall? Afinal de contas, estamos fartos de saber o que uma casa enorme e vazia pode fazer a uma mulher traumatizada, não é verdade Catherine Deneuve de Repulsa?

Mas não, não é tudo na cabeça de Rebecca Hall, há mesmo fantasmas e uma história de demónios malvados por trás de The Night House – Segredo Obscuro. E é quando passamos para essa parte do filme, que este vem por aí abaixo. Não é que seja propriamente mau ou ofensivo, até é refrescante ver um filme de fantasmas que evita o CGI e utiliza sobretudo efeitos-especiais práticos, mas assim que Rebecca Hall começa a abraçar e a esfregar-se a um fantasma, isso é o limite de qualquer um. Mas pronto, já vi Cheeseburgers piores e a pagar.

Título: The Night House
Realizador: David Bruckner
Ano: 2020

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