Não sei se o sucesso de Le Mans 66 – O Duelo teve alguma coisa a ver, mas um biopic sobre Ferruccio Lamborghini não parecia ser uma má ideia. Afinal de contas, para todos os amantes de carros, a Lamborghini tem um lugar especial na história da indústria automóvel e da Itália pós-guerra em particular. Além disso, o filme ensaia, de forma algo tímida, uma rivalidade com Enzo Ferrari, que parece um pouco importada de outro lado. Caso não saibam, o título original de Le Mans 66 – O Duelo é Ford vs Ferrari. Agora pensem.
É certo que Lamborghini – The Man Behind the Legend utiliza uma cena onírica de uma corrida entre o próprio Ferruccio e Enzo, ao volante de um Lamborghini e de um Ferrari, que é transversal a todo o filme, mas tirando isso não existem propriamente mais automóveis. E isso irá, certamente, desiludir os maluquinhos das quatro rodas. Além disso, toda a reconstituição de época soa sempre a falso, tal como os sotaques italianos manhosos de todas as personagens, que só falam italiano para praguejar. Mas quem é que achou boa ideia em colocar Frank Grillo a fazer de Ferruccio Lamborghini? É verdade que ele já fez um filme em que conduz carros (o giro O Homem do Volante), mas, quer dizer… passamos o filme todo à espera que apareça o Van Damme e que comecem todos a distribuir rotativos a torto e a direito.
A história de Lamborghini – The Man Behind the Legend é a do habitual biopic, que tenta dar forma ao homem que criou a marca e a lenda. Hoje em dia, a marca Lamborghini remete-nos imediatamente para necessariamente para aqueles carros de luxo de linhas angulosas, para uma ideia de automóvel de luxo e de alta velocidade. É certo que antes do automóvel veio o homem, mas é mesmo necessário faze-lo de forma tão laudatória e gloriosa? Lamborghini – The Man Behind the Legend é um daqueles biopics que não pretende retratar nenhum homem, mas antes a ideia construída acerca desse homem.
Assim, o filme começa com o regresso de Ferruccio da segunda guerra mundial, apostado em vingar na vida, imortalizar o seu nome e criar uma marca que rivalizasse com a Ferrari. A Itália pós-guerra, com todo o seu desenvolvimento industrial, está sempre lá atrás, mais como um cenário colorido de como um contexto socio-cultural que ajude a explicar as coisas, o que é estranho que o filme vai terminar na fase em que esse sistema entra em crise e colapsa, obrigando Ferruccio a vender a empresa. A Lamborghini começa como empresa de tratores, passa pelo aquecimento e ares condicionados e termina, finalmente, com o aparecimento do GT 350.
Lamborghini – The Man Behind the Legend não poderia ser mais esquemático. Se não soubéssemos até dizíamos que tinha sido um telefilme encomendado pela televisão estatal italiana, com o alto patrocínio dos seus descendentes. E, se estávamos à espera de algo mais do que o Happy Meal, a culpa só pode ser nossa. É que basta olhar para o elenco, todo ele escolhido a dedo de um catálogo xunga: Frank Grillo, claro, Gabriel Byrne e Mira Sorvino, com direito a nomeação ao Razzie e tudo.
Título: Lamborghini – The Man Behind the Legend
Realizador: Bobby Moresco
Ano: 2022
A história contada no filme é real, e não um clone de Ford x Ferrari, embora os fatos tenham alguma semelhança.. Ferrucio Lamborghini só foi fazer carros porque se sentiu desafiado por Enzo Ferrari. A rivalidade existiu, não foi criada pelo cinema. Qualquer um que goste de automóveis conhece ou pelo menos já ouviu falar desses fatos. Antes de criticar um filme baseado em fatos reais é preciso conhecer a história. É o mínimo que o leitor espera.
Ok Erik. Acho que não percebeste (ou não leste) o que foi escrito, mas ok.
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