| CRÍTICAS | Winnie-the-Pooh – Blood and Honey

Em 2022, o Ursinho Pooh entrou para o domínio público e o realizador Rhys Frake-Waterfield aproveitou logo para fazer um filme de terror com o seu legado. Quem não ficou muito satisfeita foi a Disney, já que o Pooh é uma personagem que faz parte da sua carteira de activos, mas ei, o que fazer? Além disso, o rato Mickey vai também entrar no domínio público em 2024 e eles devem andar ocupados a ver a melhor forma de salvaguardar a sua galinha dos ovos de ouro.

Winnie-the-Pooh – Blood and Honey, que tem um substituto genial (arrisco já a dizer que é, de longe, o melhor do filme), é não só a versão assustadora das personagens criadas por A. A. Milne e E. H. Shepard, como é também um filme de imagem real. Pooh e Piglet são criaturas humanardes com máscaras de borracha sem expressão, que parecem o Pooh e o Piglet depois de uma vida a metanfetaminas. Esse aspecto xunga e low budget também diz muito sobre o filme.

Mas atenção, nada contra filmes xunga e low budget. Aliás, o que seria de nós sem esses filmes? Blood and Honey começa então com um breve prólogo em animação, onde nos é explicado que, depois de Christopher Robin ter crescido (a criança que é o amigo humano de Pooh e os seus colegas), chegou o tempo de se mudar e abandonar os amiguinhos. Christopher Robin foi para a universidade e Pooh e os companheiros começaram a passar fome, incapazes de caçar. Tiveram então que recorrer ao canibalismo e o trauma fê-los transformarem-se em bestas primitivas, sedentas de sangue e de vingança pela raça humana. Por isso, não admira que a primeira vítima do filme seja precisamente o próprio Christopher Robin (Nikolai Leon), de regresso à floresta para rever os amigos depois de anos de ausência, completando assim um círculo perfeito.

Mas o verdadeiro filme só começa depois disso, quando um grupo de amigas vai passar um fim-de-semana a uma casa isolada no campo. Blood and Honey é assim um slasher tradicional. Aliás, tão tradicional que Rhys Frake-Waterfield nem se esforça em criar qualquer tipo de história para nos manter pelo menos acordados até à próxima cena de chacina. E não é só coerência que lhe falta, é também imaginação ou qualquer tipo de novidade, seja na história, seja no gore espalhafatoso. Foi para isto que Wes Craven fez o The Last House on the Left?

Se não fosse então a curiosidade dos assassinos serem duas das mais fofinhas personagens das histórias infantis, Blood and Honey seria apenas mais um slasher desinspirado, que coloca todas as fichas no torture porn. Mas Frake-Waterfield nem sequer aproveita esta oportunidade de jogar com a expectativa e o suspense em ter o Ursinho Pooh em meth e em killing rampage, já que nos atira logo com ele nas cenas iniciais. E para quem tem apenas um tipo barrigudo com uma máscara de borracha manhosa a fazer de Pooh isso demonstra demasiada confiança. Mas o pior de Blood and Honey não é sequer isso, é antes o facto de já estarem a fazer a sequela. Uma Hamburga de Choco deveria ser suficiente para aniquilar quaisquer pretensões neste sentido.

Título: Winnie-the-Pooh – Blood and Honey
Realizador: Rhys Frake-Waterfield
Ano: 2023

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