| CRÍTICAS | Natal Branco

Natal Branco, apesar de não ter grande popularidade em Portugal (afinal de contas, o conceito de Natal branco só é conhecido no nosso país por parte dos moradores da Serra da Estrela), é um dos grandes filmes natalícios e um título de culto do período áureo de Hollywood. No entanto, apesar do título ser o mesmo da theme song de Bing Crosby (o single mais vendido de sempre em todo o mundo), esta não é a primeira vez em que ouvimos White Christmas. Esse momento aconteceu quase dez anos antes, em 15 Dias De Prazer

Mas White Christmas não é o único ponto em comum entre Natal Branco e 15 Dias De Prazer. Além da banda-sonora assinada por Irving Berlin, um dos grandes compositores do musical de Hollywood, Natal Branco tem também Bing Crosby como protagonista e só não tem Fred Astaire porque este recusou o convite. Danny Kaye, outro dos grandes nomes do musical, mas não tão recordado, tomou então o seu lugar, enquanto a parte feminina ficou a cargo de Vera Ellen e Rosemary Clooney, a tia de George Clooney.

Natal Branco é então uma comédia musical pateta, que vive sobretudo do glamour dos seus actores e das cantigas de Irving Berlin, já que tudo o resto é apenas uma sucessão de lugares-comuns orientados para o inevitável final feliz, onde todos ficam emparelhados, felizes e a neve cai lá fora, ao som de, claro, White Christmas. Mais a sério, Natal Branco é a história de dois ex-militares e actuais vedetas do espectáculo de variedades que, juntamente com duas irmãs cantoras, montam um enorme espectáculo musical no resort de férias do seu antigo general da segunda grande guerra, de forma a salvar o negócio e a prestar-lhe a devida homenagem, numa espécie de elogio militarizado, numa época de euforia pós-guerra.

Tudo isso são fait divers que não interessam minimamente. Interessa sim os números musicais (e além de White Christmas, em versão familiar, há ainda um muito bom The Best Things Happen When You’re Dancing) e as coreografias, já que tudo o resto é feito com uma perna às costas por actores mais do que experimentados para este tipo de fitas. E isso é muito bom, do melhor que o período áureo de Hollywood teve para nos oferecer no que diz respeito a musicais. Apesar de não ser presença habitual nas nossas televisões durante a quadra natalícia, Natal Branco devia ser visto por todos em DVD para recuperar um pouco do verdadeiro espírito de Natal que parece andar perdido no meio de todo o capitalismo. Um McChicken altruísta e branco, como se quer nesta altura.

Título: White Christmas
Realizador: Michael Kurtiz
Ano: 1954

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