| CRÍTICAS | Tartarugas Ninja – Caos Mutante

Quem diria que uma das boas surpresas deste verão cinematográfico era o enésimo reboot das Tartarugas Ninja? E só não é o melhor filme de super-heróis de 2023 porque houve antes a sequela do No Universo Aranha (do qual este Caos Mutante é uma espécie de primo). Nos últimos tempos até têm havido vários filmes das Tartarugas Ninja, a prolongar o legado daqueles dois dos anos 90, entre a animação e a imagem real, mas nenhum se aproxima deste novo.

Dizia que Caos Mutante é um primo de Através do Aranhaverso porque, tal como esse, é também uma animação vibrante de criatividade. A quantidade de ideias e de coisas a acontecer em todo o lado, a qualquer momento, é tanta que basta piscarmos os olhos para perdermos algo. E, além disso, vem provar aos mais cépticos que continua a haver mais que espaço para outra animação para lá daquele digital 3D perfeitinho e polido, que se tornou norma depois da Disney e da Pixar se terem tornado donos disto tudo. Caos Mutante (que tem ok dedo da Nickelodeon) tem um traço rápido e rabiscado, o que casa bem com o ritmo a mil à hora do filme.

Caos Mutante é o habitual filme de origem, que apresenta os heróis e explica como ganharam os seus poderes: uma gosma química despejada para os esgotos, quatro tartarugas e um rato entram em contacto com a gosma, yada yada yada. E, como estamos a falar de heróis adolescentes, são despreocupados e excessivos. O filme, pela primeira vez com adolescentes reais nas vozes (Micah Abbey, Shamon Brown Jr., Nicolas Cantu e Brady Noon), procura capta essa energia, indo quase aos limites do niilismo anárquico a la Looney Tunes, a que os realizadores, Jeff Rowe e Kyler Spears, adicionam depois um humor meta, circunstancial e provocativo.

Neste filme inicial ainda não há Shredder, o eterno némesis das Tartarugas Ninja (esperam pela cena pós-créditos), mas há Superfly, uma mosca mutante com a voz do Ice Cube a quem só falta o funk na banda-sonora para ser um vilão saído directamente dum blaxploitation. A banda-sonora também é um bombom aos ouvidos, estando para as Tartarugas Ninja assim como o primeiro Guardiões da Galáxia está para a Marvel. E falta só falar do leque de notáveis nas vozes secundárias (John Cena, Seth Rogen, Paul Ruud…), com destaque para Jackie Chan na voz do mestre Splinter. Uma escolha de casting perfeita.

Só que depois, com tudo isto, fica a saber a pouco a história demasiado formulaica, como quem não quis correr demasiados riscos e alienar o público mais jovem. Afinal de contas, é preciso que esses convençam os pais a comprar action figures e merchandise para financiar as sequelas. Ok, consigo viver com isso. Posso ir comendo este McBacon enquanto espero.

Título: Teenage Mutante Ninja Turtles – Mutant Mayhem
Realizador: Jeff Rowe & Kyler Spears
Ano: 2023

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