| CRÍTICAS | Leo

Este ano, o filme de Natal de Adam Sandler para a Netflix é um desenho-animado, o que representa um regresso do actor à animação, 5 anos depois do terceiro Hotel Transylvania (e, por causa deste, cortou-se ao quarto episódio, que estreou o ano passado). E assim segue Sandler, feliz e contente, a sua produção de filmes pateta a metro, onde vai empregando os amigos (e agora as filhas também), escolhendo quase sempre sítios veraneantes para filmar. Adam Sandler vive em permanent vacation e nós não podíamos te mais inveja. Alguém sabe como arranjar um trabalho desses? É para um amigo.

Leo é então a história de dois animais de estimação numa escola básica, habituados a acompanhar de forma pachorrenta o último ano dos miúdos antes destes se mudarem para o liceu. É, portanto, uma idade sensível, de transição, onde os jovens começam a enfrentar novos desafios e angústias e a ter novos interesses. Os animais são então uma tartaruga (Bill Burr) e o lagarto que dá nome ao filme (o próprio Sandler), que acaba de perceber que, de acordo com a esperança média de vida da sua espécie, lhe resta apenas mais um ano de vida. E ainda lhe falta tanto para ver e fazer!

Leo vai então tornar-se confidente das crianças, passando a ser o seu melhor amigo e mostrando a todos os pais em casa que a terapia dá mesmo resultados. Além disso, vai contribuir também para a redenção da professora substituta (Cecily Strong), que por momentos assume o papel de vilã da história. Afinal, alguém tem que ser o mau. Leo é, portanto, uma história bem esquemática, em que as personagens têm todas os seus papeis bem definidos. Mas ei, ninguém espera de um desenho-animado destes uma narrativa sofisticada, não é?

Leo vive da química entre Sandler e Burr, meio screwball, sempre com trincas entre um e outro, dos apontamentos mais ou menos inspirados que vão surgindo de quando em vez (a turma da primária é particularmente bem conseguida, um exército de minions niilistas, assim como o dreno deprimido) e as canções que irrompem sem razão de ser além da paródia ao formato estabelecido pela Disney ao longo de décadas de desenhos-animados. No entanto, as canções parecem ter sido todas compostas pela versão da Wish do Lin-Manuel Miranda, de tão sem sal que são.

Tendo em conta a natureza lenta e preguiçosa do lagarto, Adam Sandler arrasta a sua vez um pouco mais e fica perturbadamente parecido a… Bill Cosby. Talvez seja isso, mas a verdade é que Leo nunca é uma personagem verdadeiramente likeable, o que não é positivo numa história em que todas as crianças são supostas de se tornar no seu bff. Além disso, com todo o seu vagar, o filme nunca acerta no ritmo, provado por a + b que, nos humor, o timing é tudo.

Leo é uma animação para toda a família, com uma mensagem valiosa, mas que funciona apenas a espaços. Não é um substituto ou uma alternativa à Pixar e à Disney, que são os donos disto tudo, mas é um McChicken que ocupa uma eleição por inteiro.

Título: Leo
Realizador: Robert Marianetti, Robert Smigel & David Wachtenheim
Ano: 2023

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