| CRÍTICAS | Jumper

Se há coisa que me irrita no Efeito Borboleta é o facto de ser espertalhão. É um filme sobre viagens no tempo, mas nunca nos é explicado porquê ou como é que o protagonista consegue regressar atrás no tempo. É um gimmick que faz mover todo o dispositivo do filme, mas que o realizador nunca se preocupa em justificar. Certamente que Doug Liman gosta à brava de Efeito Borboleta. É que, tal como esse, também este Jumper é um filme com um gimmick que nunca é explicado. Só que em vez de viagens temporais, temos teleporte.

Descobrimos com o próprio Hayden Christensen que, desde tempos imemoriais, existem pessoas com a habilidade de se teleportar e que, desde essa altura, que estes são perseguidos e mortos pelos Paladinos. Não sabemos como é que tudo começou, porque é que estes perseguem os outros, porque é que se chamam Paladinos e os outros são só… os jumpers (ao menos a versão portuguesa não o traduz para saltadores) ou porque é que estamos a ver isto. Também não sabemos como é que a coisa funciona, mas fica no ar que os jumpers só se conseguem teleportar para sítios que já viram ou conhecem, mas talvez seja só uma ideia, porque quando é mesmo preciso eles teleportam-se para qualquer lado. Também ninguém nos explica porque é que às vezes os teleportes são acompanhados com uma força de choque brutal, que derruba tudo à volta, e outras vezes é suave como a pele de um bebé. Enfim, há muita coisa por explicar em Jumper. Começando logo pela sanidade mental de quem escreveu o filme.

Tudo se passa demasiado rápido em Jumper e tudo parece colado com cuspo, já que parece ser apenas um pretexto para saltar de destino exótico em destino exótico. Há uma cena em que Hayden Christensen e outro jumper que se torna num amigo e aliado (Jamie Bell) vão conversar para as ruas de Tóquio só porque sim. Também há uma fixação qualquer com o topo da esfinge, no Egipto, provavelmente porque dá uns planos aéreos fixes. E há uma sequência no coliseu de Roma, que desaproveita por completo a oportunidade de filmar no seu interior.

Ah, também ninguém explica muito bem como é que, mais de uma década depois de ter desaparecido no fundo de um lago congelado, Hayden Christensen reaparece junto da sua antiga paixoneta de liceu (Rachel *suspiro* Bilson) para retomar as coisas onde tinham sido interrompidas e ninguém acha estranho. Então, como estás? O que tens feito?, pergunta-lhe ela, como se não o visse desde o mês passado. Tenho feito umas coisas. ‘Bora a Itália? E horas depois estão eles a aterrar em Roma, porque… porque não? Que se lixe, afinal de contas há poucas coisas a fazer sentido em Jumper.

E, no meio de tudo isto, até o cabelo branco platinado de Samuel L. Jackson – o Paladino que anda à caça de Christensen e Bell – acaba por ser o mais normal de tudo. Que trapalhada de Hamburga de Choco que saiu daqui.

Título: Jumper
Realizador: Doug Liman
Ano: 2008

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