| CRÍTICAS | F1 – O Filme

A fórmula 1 e o desporto motorizado em geral sempre foram um tema relativamente tóxico para que os engravatados de Hollywood se mantivessem normalmente a léguas. Não é que não haja bons filmes de quando em vez, mas por cada Le Mans ou Dias de Tempestade há sempre dois Corrida Alucinante.

Até que Ron Howard fez o (óptimo) Rush – Duelo de Rivais e o pessoal percebeu que os efeitos-especiais e a nova tecnologia já percebia filmar corridas de carros sem pareces que eles estavam a conduzir a 10 à hora. dede então que tem sido um fartote: Le Mans 66 – O Duelo, Ferrari, Lamborghini – O Homem Por Detrás da Lenda, Corrida para a Glória

F1 – O Filme é então o filme para terminar de vez com esta tendência antes que se torne (ainda mais) insuportável. Produzido por Lewis Hamilton e licenciado pela própria Fórmula 1, F1 – O Filme utiliza imagens reais dos grand prixs, cameos dos próprios pilotos e nomes reais para criar a enésima variação do underdog. Brad Pitt, que protagoniza, recebeu inclusive o maior ordenado de sempre da sua carreira.

Brad Pitt é então um solitário piloto que vive na sua carrinha, enquanto salta de corrida em corrida como um piloto a soldo. Não importa o tipo de corrida, se tem um motor e quatro rodas ele está lá. E normalmente para ganhar. Até que, certo dia, recebe a visita de Javier Bardem, antigo rival de há 30 anos, quando ambos eram os mais promissores nomes da fórmula 1 no tempo do Senna, do Mansell ou do Prost. Bardem é agora o chefe da pior equipa da temporada, apesar de ter um promissor piloto principal (Damson Idris) e precisa de ganhar pelo menos uma da sétimas 9 corridas da época se não quiser ser despedido. E como medidas desesperadas exigem soluções extremas, ei-lo a contratar um piloto com 60 anos.

F1 – O Filme é então a típica história do underdog que vence contra todas as previsões, especialmente graças a muito querer e dedicação. E, para isso, o filme não se furta a nenhum cliché do género, como se tivesse feito uma lista de todos os lugares-comuns e se esforçasse por não falhar nenhum. Brad Pitt é irresponsável e descuidado, mas apresenta resultados; Damson Idris é arrogante, mas aprenderá a lição mesmo a tempo no momento decisivo; Kerry Condon, a directora técnica da equipa, é a primeira mulher na função e terá que lutar contra a desconfiança geral; e Bardem irá ter que ir contra forças externas e internas, mantendo-se fiel às suas decisões, até provar a todos que estava certo.

Não há nada de novo em F1 – O Filme. E, no entanto, o realizador Joseph Kosinski consegue aqui uma pipocada que se vê com gosto. Óbvio que ajuda ter actores de primeira linha, que não se limitam a debitar texto e têm gravidade no ecrã, mas Kosinski não inventa, não exagera e mantém os pés na terra, mesmo com a personagem de Pitt a exagerar na sua dimensão crística, de que sabe de tudo um pouco. E ainda tem mão para filmar as sequências dad corridas – que é para isso que existe o filme, afinal de contas -, que são rápidas e minimamente excitantes. F1 – O Filme é um blockbuster sólido e um Double Cheeseburger honesto.

Título: F1 – The Movie
Realizador: Joseph Kosinski
Ano: 2025

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