Antes e haver Harry Potters, Senhores dos Anéis e Nárnias, o cinema juvenil de sword and sorcery era bem mais reduzido. No topo das preferências estava História Interminável, líder praticamente incontestável do género; e logo a seguir vinham, ex-aequo, este O Labirinto e A Lenda da Floresta. Só depois, e com distância considerável, é que vinham todos os outros, como o Willow na Terra da Magia.
O Labirinto é a história de uma jovem (uma novinha Jennifer Connelly) que tem de ir resgatar o irmão bebé, raptado pelo rei dos goblins, Jareth (David Bowie). Para isso, viaja para um mundo alternativo de fantasia, com o castelo do rei dos goblins situado no centro de um misterioso labirinto, cheio de criaturas fantásticas, enigmas metafóricos e objectos mágicos.
A aventura de O Labirinto é uma metáfora para toda a angústia juvenil de Jennifer Connelly, que encontra nesta sua demanda fantástica um escape que lhe serve de lição a uma série de questões que surgem a quem está a atravessar a puberdade de forma complicada. Neste caso, O Labirinto é muito parecido com História Interminável, que utiliza uma estrutura semelhante. E aqui é fundamental o travelling inicial pelo quarto de Connelly, em que foca vários objectos que vão explicar muita cisa ao longo do filme, seja uns recortes de David Bowie, seja um exemplar de The Wizard of Oz e outro de Where the Wild Things Are.
Não é, portanto, nada que nunca tívessemos visto antes. Contudo, a grande magia de O Labirinto reside no universo dos estúdios de Jim Henson, o criados dos míticos Marretas. As suas criaturas, com uma orgânica meio artesanal com tanto de única quanto de nostálgica (de um tempo em que o cinema fantástico era uma máquina de sonhos bem diferente do hiper-realismo do CGI), têm o anarquismo niilista dos Looney Tunes, que depois é cruzado com a banda-sonora de David Bowie, numa mistura única que não envelheceu nada mal. E Bowie, que não foi a primeira escolha para o papel (Michael Jackson e Sting eram os favoritos) tem aqui a sua contribuição para o mundo dos mais novos, numa década em que não fez propriamente os melhores discos da sua carreira. Tudo motivos que inflaccionam facilmente o McBacon final.Título: Labyrinth
Realizador: Jim Henson
Ano: 1986