| CRÍTICAS | Rambo III

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E ao terceiro filme da série, John Rambo completava a metamorfose. Neste filme de Peter MacDonald, caía de vez o anti e o herói era insuflado até ao limite do possível, com Rambo a assumir-se como a personificação da América-polícia-do-mundo, agitando a bandeira da democracia e tornando-se no ícone favorito de Ronald Reagan e de toda uma ideologia política de direita. E, para todos os outros (especialmente os cinéfilos xunga), a assumir-se como o desmiolado action hero favorito.

Em Rambo II: A Vingança do Herói, Sylvester Stallone ainda ensaiava meia dúzia de discursos de pacotilha, que lembravam o passado atormentado do ex-combatente do Vietname, que, em Rambo: A Fúria Do Herói, tinha vindo dar voz aos retornados e a toda uma desumanização da guerra – eu só quero ser amado pelas pessoas da mesma forma que eu amo o país, choramingava. Em Rambo III nem sequer há nada disto. E, além disso, Rambo ainda se torna espirituoso com tanta confiança em si próprio, mandando umas larachas que se tornaram icónicas neste terceiro tomo da série. O que é isto? Uma luz azul. O que faz? Dá luz azul.

Desta vez, Rambo vai disparar a metralhadora da democracia no ido país do Afeganistão, contra a temível ameaça russa. Anos antes da 11 de Setembro e da Al-Qaeda se ter tornado na ameaça global número um, os Estados Unidos mandavam um homem aliar-se aos taliban na defesa de um povo guerreiro. O filme canta meia-dúzia de loas aquela gente que, anos mais tarde, os mesmos americanos iriam odiar. E, ao que consta, Rambo III continua a ser o filme favorito de todos os afegãos.

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A história não tem muito que se diga, além de um Stallone novamente em tronco nu e fita na cabeça a correr e a metralhar toda a gente, não falhando um tiro e não terminando nunca as monições. A novidade aqui é que o Coronel Trautman (Richard Crenna) vai também estar no terreno. Porque faz todo o sentido um oficial veterano voltar à linha da frente por querer defender um país esquecido no meio de nenhures. Americanos…

Rambo III percebe o carácter iconoclasta de Rambo e não desperdiça a oportunidade de incluir os adereços mais famosos do herói: a faca de mato, a M60 e as flechas explosivas, por exemplo. Rambo III é uma adrenalina de testosterona, num dos filmes mais másculos de sempre, com um dos maiores bodycounts da sétima arte, em que não tem uma única mulher em toda a história. Um McChicken para homens de barba rija.mcchickenTítulo: Rambo III
Realizador: Peter MacDonald
Ano: 1988

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