| CRÍTICAS | Me And Orson Welles

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É certo que Richard Linklater vai dando alguns tiros nos pés, mas há que reconhecer que o norte-americano é um dos últimos realizadores genuinamente independentes a trabalhar hoje em dia. Não é um Steven Soderbergh, claro, mas ao menos também não é um embuste como o Michael Winterbottom. A filmografia de Linklater tem seguido um trajecto imprevisível, alternando projectos pessoais e independentes com encomendas dos grandes estúdios, às vezes com resultados interessantes, outras… nem por isso.

Me And Orson Welles é um projecto pessoal de Richard Linklater que, apesar de (aparentemente) ter tudo para dar certo, nem sequer teve estreia comercial em Portugal. Eu sei que isso não quer dizer nada, mas depois vemos que Zac Efron é o protagonista e… começamos a desconfiar. Até porque a última vez que vimos um filme com um título em mau inglês (o filme adapta o romance homónimo e provavelmente até há uma explicação para tal, mas o correcto seria Orson Welles and I) foi o… Undefeatable.

Zac Efron é então Richards Samuels, um adolescente que, do nada, é contratado para interpretar o papel de Lucius, na adaptação de Júlio César  que um então jovem (e magro) Orson Welles preparava para a Broadway. Me And Orson Welles dramatiza assim um momento-chave na carreira de Welles, a partir do ponto de vista de um dos intervenientes aparentemente secundário desse episódio.

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No entanto, essa parte que seria, à partida, a mais interessante, é relegada para segundo plano, já que o que aqui interessa é o coming of age de Zac Efron, que se apaixona por uma (demasiado) ambiciosa Claire *suspiro* Danes e que vai ter que crescer demasiado rápido. Ou seja, a intriga de Me And Orson Welles é digna de um episódio de um Glee, com a espessura de uma telenovela para adolescentes.

Richard Linklater embrulha tudo isto numa reconstituição de época cheia de savoir faire, que faz lembrar o Woody Allen de Balas Sobre a Broadway, cheio de jazz e até com uma font semelhante no genérico. No entanto, a comparação é só pela rama, porque tudo o resto rapidamente cai no anonimato desenxabido e altamente desinteressante. Salva-se o esforço de Christian McKay na pele de Orson Welles e meia-dúzia de momentos à conta do seu famoso mau feitio. Um Happy Meal que justifica inteiramente o porquê disto nunca ter chegado às salas de cinema nacionais.happy-mealTítulo: Me And Orson Welles
Realizador: Richard Linklater
Ano: 2008

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