Quando se fala de O Estranho Mundo De Jack, raramente se fala de Henry Seleck. É verdade que Tim Burton escreveu o poema que deu azo ao argumento, criou as personagens e produziu o filme, mas Henry Seleck é um craque no stop motion e merece algum crédito. Até porque o seu James e o Pêssego Gigante é um belo filme.
Apesar de não ter sido o realizador, O Estranho Mundo De Jack tem Tim Burton escrito por todo o lado. O filme, que é um passo em frente da sua curta Vincent, respira aquele ambiente gótico e surreal-pop que se tornou imagem de marca de Burton, numa espécie de conto de fadas demente. Não é por acaso que a Disney rejeitou inicialmente distribuir o filme, por o considerar demasiado negro para as crianças. Tim Burton é, portanto, a versão negra da magia da Disney.
Animado em stop motion, O Estranho Mundo De Jack conta a história de Jack Skellington (Chris Sarandon), o rei da noite das bruxas na Terra do Halloween. No entanto, certo dia, cansado de tanta abóbora, assombração e trick or treat, Skellington descobre a Terra do Natal e fica apaixonado pela quadra, decidindo raptar o Pai Natal e organizando a sua própria quadra natalícia. Já vimos algo parecido, quando os marcianos raptaram o Pai Natal, em Santa Claus Conquers The Martians, mas sem esta magia, integridade e, especialmente, espírito natalício.
Este é um dos grandes trunfos de O Estranho Mundo De Jack. Apesar de ser ambientado num mundo de halloween, o filme capta a verdadeira essência do Natal, aquela que trespassa os filmes de Capra ou o clássico conto de Charles Dickens e que, infelizmente, deixou de estar presente nos novos filmes de Natal, vulgo Harry Potters e comédias do Tim Allen. Até porque como filme de animação, O Estranho Mundo De Jack peca por um argumento algo esquemático, com personagens mancas e relacionamentos que parecem ficar a meio.
O Estranho Mundo De Jack tem ainda uma bela componente musical, assinada pelo grande Danny Elfman (que aqui também canta). Ao longo da sua carreira, Tim Burton viria a dissecar O Estranho Mundo De Jack em dois dos seus filmes: o musical Sweeney Todd – O Terrível Barbeiro De Fleet Street e a animação gótica em stop motion, A Noiva Cadáver. Portanto, em época de notie das bruxas, é sempre bom recordar os bons filmes da quadra. Ou será este um filme de Natal? Bem, é seguramente o melhor filme de Natal das Bruxas de sempre: Le Big Mac.Título: The Nightmare Before Christmas
Realizador: Henry Seleck
Ano: 1993