| CRÍTICAS | Hello, Dolly!

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Apesar de não ser uma desconhecida há data em que fez Hello, Dolly! (já tinha inclusive um Oscar), foi este filme que transformou Barbra Streisand no que é hoje: uma das grandes senhoras do show biz e um monstro gigantesco capaz de destruir cidades. Hello, Dolly! veio dar um último fôlego a um género que estava então já bastante cansado, assinado por um então regressado Gene Kelly. É que se havia alguém que entendia o musical, esse alguém era Gene Kelly.

Hello, Dolly! segue então essa tradição mais escapista e lúdica do musical, numa super-produção onde tudo é relegado para segundo plano em detrimento do tamanho dos cenários, do bling-bling do guarda-roupa e, claro, dos arranjos orquestrais das canções. O argumento é assim algo que pouco importa e ninguém quer saber que o filme seja a história de uma viúva especialista em arranjar tudo (especialmente casamentos) – a Dolly, claro, interpretada por uma muito novinha Barbra Streisand – que decide estar na hora dela própria também arranjar um marido com dinheiro para gozar os últimos anos da sua vida.

A coisa desenvolve-se então numa química muito screwball, em que as cenas vão sendo despachadas de forma mais ou menos maquinal, apenas para dar espaço para a cantoria. E à medida que o filme avança, aumentam as canções, as coreografias e o tamanho dos cenários e dos vestidos de Streisand. O que faz com que, no fim, Hello, Dolly! tenha mais de duas horas e meia e uma parte final quase sem diálogos.

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Se procuram sofisticação, não será aqui que a vão encontrar. Os diálogos são patetas, as suas personagens são todas caricaturas e tudo está orientado para Barbra Streisand brilhar. E o que é certo é que ela brilha com força e, mais impressionante ainda, de um forma aparentemente sem esforço. Também é certo que o repertório de Hello, Dolly! não é propriamente exigente, com excepção do momento final, em que Louis Armstrong dá um ar da sua graça numa curta aparição (ele que gravaria com êxito o tema-título do filme), mas Streisand só encontra par nas coreografias incríveis de Michael Kidd.

Hello, Dolly! é um excelente exemplo de um tipo de cinema que marcou um período muito específico da história de Hollywood. Isso não significa que tenha que ser propriamente coisa boa. Até porque as suas canções não marcam a diferença e se há coisa que é fundamental num musical são as canções. O seu Double Cheeseburger vale assim, quase por inteiro, pela Barbra Streisand.double-cheeseTítulo: Hello, Dolly!
Realizador: Gene Kelly
Ano: 1969

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