Em Alien: Covenant, Ridley Scott regressa ao subtítulo Alien dez anos depois de… Alien vs Predador 2, uma vez que, em Prometheus, o realizador tentou romper com a mitologia original do xenomorfo. No entanto, este filme tem muito mais a ver com uma sequela de Prometheus do que como uma prequela de Alien – O Oitavo Passageiro, ou seja, é o seguimento dessa espécie de gesto fundador de uma nova iconografia, em que o xenomorfo já não é um monstro de filme de criaturas, mas antes uma reflexão sobre a criação, a religião e a evolução.
Dez anos após Prometheus, encontramo-nos a bordo da Covenant, uma nave colonizadora que ruma em busca de um novo planeta habitável. No entanto, mal o filme começa e um incidente coloca logo a nave em risco, matando inclusive o capitão, James Franco, que não aparece uma única vez nem tem uma única fala. Com a tripulação abalada, o novo capitão (Billy Crudup) decide ir investigar um novo planeta que surge nos radares e que parece ter condições de sobrevivência favoráveis ao ser humano. Big mistake, obviamente…
Nesse novo planeta desconhecido, a tripulação do Covenant não só vai dar de caras com o xenomorfo, uma espécie de parasita que é uma encarnação devastadora da morte, como reencontra David (Michael Fassbender), o robot que acompanhava a expedição da anterior Prometheus. O que significa que, depois de uma primeira parte à Predador, em que o survival movie na selva tem adrenalina e acção suficiente para a coisa valer a pena, Alien: Covenant aposta, na segunda parte, na tal reflexão sobre ciência e religião, criação e evolução. E Michael Fassbender, com papel duplo – no do robot David, da primeira expedição, e no do robot Walter, da segunda expedição -, tem papel fulcral neste caderno de encargos também de motivos dúbios.
De volta à nave, Ridley Scott parece não saber como resolver o filme sem repetir os lugares comuns da mitologia Alien, que pela falta de imaginação da realização surgem aqui com um ar cansado: o primeiro chest buster (se bem que é pelas costas, não pelo peito… será um back buster?) funciona, mas os outros dois já são chover no molhado; a heroína feminina, Katherine Waterson, tem pouco espaço de manobra tem para brilhar; e os xenomorfos, que no fundo são aquilo que toda a gente quer ver quando vão ver um filme desta saga, são pela primeira vez em CGI e, claro, plásticos e inorgânicos (alguém se aproveitou de não estar HR Giger presente pela primeira vez). No entanto, o que me realmente incomoda é o facto do sintético desta expedição não respeitar a ordem alfabética dos restantes filmes: Ash, Bishop, Call, David… Walter?!
Ridley Scott já anunciou que tem planos para, pelo menos, mais seis filmes do Alien. Se continuar assim, arrisca-se a esgotar esta galinha de ovos de ouro mais rapidamente do que pensa. Para já, ainda continua a safar-se com McChickens. Mas a questão é: até quando?Título: Alien: Covenant
Realizador: Ridley Scott
Ano: 2017