| CRÍTICAS | Acerto de Contas

A estrutura narrativa de Crepúsculo dos Deuses é, possivelmente, uma das mais copiadas de toda a história do cinema clássico. Começa pelo fim, com um cadáver que narra a a sua própria morte, regressando em flashback ao início de tudo para nos contar o que se passou. Ou seja, já sabemos como acaba, só não sabemos o porquê e o como.

Acerto de Contas é a enésima variação desse truque narrativo. Começa com Dolph Lundgren em pleno tiroteio, enquanto explica, em voz-off, que era segurança e que agora está à procura de vingança. E depois leva um balázio. Stop, rewind e começamos de novo até ao momento deixado em suspenso: Lundgren é o chefe da segurança de uma família de mafiosos, que é traída. O patriarca é assassinado e um dos seus filhos (Billy Zane) enviado para a prisão. Lundgren sente-se em dívida por ter falhado a sua tarefa e vai tentar descobrir quem esteve por trás do golpe, para se vingar.

Acerto de Contas não é então o habitual action flick musculado em que estamos habituados  aecotnrar Dolph Lundgren. É antes um thriller, que procura concentrar-se na sua história e nos seus twists e contra-twists, em ordem de nos manter em sentido até ao final, altura em que o assassino é revelado e, voilá, ninguém estava à espera. E, apesar de um ou outro plot hole, o que é certo é que Acerto de Contas consegue ser mais sólido do que o habitual neste tipo de filmes straight-to-DVD.

Isso não quer dizer que seja propriamente um elogio. Até porque, nessa tentativa desesperada em não deixar pontas desatadas e sem nó, o realizador Giorgio Serafini deixa as suas personagens ao abandono. Jelly Howie, a boazona da história, nem sequer mostra a pele de forma gratuita, não há one liners espirituosas e o filme termina em autêntico anti-climax, com [spoiler alert] Lundgren a despachar os verdadeiros culpados com uma arma de sniper a quilómetros de distância. O único verdadeiro momento de cinema xunga é quando Dolphie vai interrogar um gangster a uma casa de meninas de luxo e, sabe Deus porquê, é atacado pela prostituta que sabia artes marciais(!). Claramente pouco para um Happy Meal.

Título: Blood of Redemption
Realizador: Giorgio Serafini
Ano: 2013

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *