| CRÍTICAS | O Clube

O Clube está para os jovens dos anos 80 assim como Fúria de Viver está para os dos anos 60. No entanto, os motivos são bem diferentes. Enquanto que, no filme de Elia Kazan, James Dean rebelava-se contra a sociedade condescendente e “normalizada” pós-Segunda Grande Guerra, no filme de John Hughes o brat pack levanta a voz em pleno boom da bolsa e ascensão yuppie, que enterraram de vez os ideais hippies.

Hughes foi também o Kazan dos eighties, ou seja, o realizador que melhor soube cristalizar no grande ecrã o zeitgeist da juventude da sua geração. Contudo, ao contrário de Kazan, tirou partido na contenda e colocou-se do seu lado. Isso faz com que este O Clube, mas também O Rei dos Gazeteiros, tenha um entusiasmo contagiante. E também não é inocente, claro, a escolha de uma citação de David Bowie para encimar O Clube.

A história é extremamente simples: um grupo de adolescentes, suficientemente esteriotipados para formarem um colectivo cheio de idiossincrasias – o desportista, o marrão, a popular, a tarada e o rufia -, encontram-se um sábado de manhã para passarem o dia de detenção por diferentes motivos. As lutas travam-se em duas direcções: entre eles próprios, já que vêm de tribos diferentes e dizem as convenções sociais que elas não se devem misturar; e contra o professor que os vigia, que simboliza toda a sociedade contra a qual se revoltam.

Com recurso sobretudo ao diálogo e à argumentação, John Hughes conduz os jovens a uma experiência colectiva com a qual é fácil nos identificarmos, já que todos fomos jovens um dia e tivemos as mesmas dores. Apesar de algo datado – que a theme song dos Simple Minds sublinha a traço grosso -, O Clube continua a ser um dos melhores teen movies de sempre e um dos mais saborosos McRoyal Deluxes dentro do género.

Título: The Breakfast Club
Realizador: John Hughes
Ano: 1985

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