Infelizmente, os pequenos filmes nacionais independentes que conseguem chegar à distribuição comercial continuam a ser uma curiosidade e uma excepção à regra, em vez do contrário. A Floresta das Almas Perdidas é um desses casos. Depois de um percurso relativamente interessante por festivais dedicados ao terror e ao fantástico, chegou às salas de cinema português, sucedendo assim a títulos como Um Funeral à Chuva, os filmes do Fernando Fragata ou Eclipse em Portugal.
A Floresta das Almas Perdidas é a história de um homem que vai pôr termo à vida numa floresta conhecida pelos seus suicídios, inspirada na japonesa Aokigahara. Aí encontra Carolina (Daniela Love), uma jovem suicida, com quem vai discutir sobre as motivações de cada um, as suas vidas e outros assuntos mais ou menos importantes, em diálogos normalmente demasiado teatrais para serem credíveis.
Com um preto e branco de alto contraste e uma cinematografia cuidada, A Floresta das Almas Perdidas é um honesto trabalho e descomplexado, que não procura esconder as limitações. O problema é que, ao mesmo tempo que lhe falta chão para continuar, decide tomar a decisão de que pode ser mais do que uma interessante curta-metragem e arranca para uma segunda parte, em que Carolina abandona a floresta e vai-se embrenhar nos territórios do slasher.
Numa segunda metade sem pés nem cabeça, em que Carolina sobe e desce escadas numa casa sem que dêem por ela sem qualquer lógica, A Floresta das Almas Perdidas tropeça e embrulha-se todo numa salgalhada completamente pointless, que desbarata a simpatia dos primeiros momentos. E assim se estraga uma Hamburga de Choco.
Título: A Floresta das Almas Perdidas
Realizador: José Pedro Lopes
Ano: 2017