| CRÍTICAS | Duplo Impacto

No pico da sua carreira, Jean-Claude Van Damme decidiu dar uma de Sofia Alves e fazer um filme em que interpretava gémeos. Na sua cabeça era o plano perfeito: os orçamentos das produções que ia fazendo eram cada vez maiores, permitindo valores de produção cada vez mais elevados; e com este gimmick o belga podia encarnar duas personagens bem distintas uma da outra ao mesmo tempo, provando ao mundo que sabia mesmo representar além de dar uns pontapés acrobáticos. Parecia mesmo um plano infalível. Só que não.

Duplo Impacto é então o filme em que Van Damme interpreta gémeos, dentro do que a tecnologia da altura (dentro de um orçamento mais ou menos limitado) permitia. E tendo em conta que estamos a falar de um filme de porrada série b, a coisa até tem bom aspecto. Além disso, o filme passa-se nos exóticos cenários de Hong Kong (onde o belga regressaria para Knock Off – Embate, quase uma década, para o seu filme exclusivamente de Hong Kong) e tem como vilão, nada mais nada menos, do que Bolo Yeung, o mauzão de O Dragão Ataca e, claro, de Força Destruidora.

Van Damme é então Chad e Alex, dois irmãos gémeos separados à nascença, depois dos pais – uns ricaços que investiram no túnel rodoviário que liga Hong Kong à China – terem sido mortos pelas tríades. O primeiro é um playboy cujo guarda-roupa parece apenas ter roupa em tons de pastel (rosas, azuis-bebé e afins), que cresceu em Los Angeles, criado pelo tio (Geoffrey Lewis), o antigo veterano do Vietname e ex-guarda-costas do pai; e o segundo é um mafioso das ruas de Hong Kong, depois de ter crescido num orfanato. E que têm ambos em comum? Os dois lutam kung fu nas horas, apesar de não poderem ter tido uma educação mais diferente. Geoffrey Lewis vai então juntar ambos e coordenar a vingança contra o líder das tríades, Raymond Zhang (Philip Chan), e o capanga deste, Bolo Yeung.

O argumento de Duplo Impacto é o habitual van damme flick, a saber: alguém lhe mata os pais e ele volta para se vingar, de preferência com rotativos pela cara. A diferença é que há aqui pontos extras que lhe dão alguns bónus. É certo que a diferença entre os gémeos se prende pelo guarda-roupa e pelo uso ou não de gel no cabelo, mas os dois não podiam ser mais esteriotipados (o amaricado vs o mauzão). Depois entra na equação Danielle (Allona Shaw), a namorada do segundo, que tem uma cena em que é violada(!) por uma capanga boazona de Raymond Zhang e outra em que Van Damme pensa que ela lhe está a meter os cornos com o próprio irmão e, depois de emborcar uma garrafa de vodka, acaba a lutar… consigo próprio. E finalmente há Bolo Yeung, mais mauzão que nunca, com um olho de vidro e cicatriz na cara, que na luta final com (um dos) Van Damme dá uma de Donkey Kong e passa o tempo todo a atirar-lhe barris.

Há bem pouco tempo, numa entrevista aleatória qualquer, Van Damme revelava que queria fazer uma sequela de Duplo Impacto, mantendo inclusive Bolo Yeung. Quanto a vocês não sei, mas eu pagaria para ver esse filme. É que este é um dos meus McChickens favoritos da filmografia do belga.

Título: Double Impact
Realizador: Sheldon Lettich
Ano: 1991

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