| CRÍTICAS | Vingança Balcânica

Nesta fase da carreira no straight-to-video, Jean-Claude Van Damme continua a sua eurotrip. Depois da temporada passada ali na zona da Roménia, Moldávia e Bulgária, o belga muda-se para a antiga Jugoslávia, no seu mais recente título, Vingança Balcânica (se bem que o título original é um bem mais generalista Kill’em All). O curioso é que o filme é uma produção norte-americana, se bem que isso não surpreende ninguém, tendo em conta o processo de demonização da Sérvia que tem havido em Hollywood desde que foi preciso arranjar um novo inimigo comum para os seus heróis, após o final da Guerra Fria. Aliás, Vingança Balcânica é capaz de ser o filme mais ofensivo para os sérvios desde Na Terra de Sangue e Mel, da Angelina Jolie.

Temos então um hospital desactivado, mas que desconfiamos que foi apenas uma forma que os produtores de Vingança Balcânica arranjaram para contornar a falta de orçamento para terem figurantes e outros valores de produção. É precisamente nesse hospital, onde trabalha a enfermeira Autumn Reeser, que vai dar entrada o baleado ex-ministro da Sérvia(!) e o seu segurança, Jean-Claude Van Damme. E logo a seguir aparecem uns pistoleiros sérvios (entre eles o filho de Van Damme, Kris) para terminarem o trabalho que ficou incompleto.

Tudo isto é contado de trás para a frente, pela enfermeira que está a ser interrogada pelos inspectores do FBI, Peter Stormare e Maria Conchita Alonso, naquele que é, sem dúvida, o pior interrogatório policial de sempre. Peter Stormare está sempre a discutir com Autumn Reeser como se fossem crianças com 15 anos e não sabemos se devemos rir ou chorar com a comédia involuntária. Ah, é verdade, ainda há a tentativa de um twist final, mas é já naquela altura que estamos a pensar no que vamos fazer para o jantar.

Tudo o resto são pretextos mais ou menos manhosos para justificar o título do filme, com um Van Damme cada vez mais envelhecido, a ensaiar meia-dúzia de coreografias editadas por um tipo com epilepsia. Ainda me lembro quando os filmes de porrada era maus, mas ainda se davam ao trabalho de contratarem pessoal que soubesse ao menos lutar. Agora, contratam uns tipos aleatórios e depois confiam no poder de edição do editor. Breaking news: isso não resolve nada!

A única coisa que interessa em Vingança Balcânica, portanto, é o confronto entre Van Damme pai e Van Damme filho. Nós temo-lo visto a crescer, esporadicamente, desde que se estreou em Em Busca da Cidade Perdida, mas nunca o vimos assim, tão… crescido. Pai e filho lado-a-lado fazem lembrar Bruce Lee e Kareem Abdul-Jabbar em O Último Combate de Bruce Lee, tal a discrepância de alturas. No entanto, a sequência de porrada entre os dois limita-se a uma troca tímida de pontapés, com Kris Van Damme a fazer questão de mostrar que consegue chegar com o pé a uma altura considerável, mas que se torna ridículo tendo em conta que Jean-Claude Van Damme só tem metro e meio. Quem é que ele estava então a tentar pontapear?

Por isso, resumindo e baralhando, não há muito que justifique perder hora e meia de vida a ver Vingança Balcânica. Happy Meal por Happy Meal, há maus filmes bem melhores que esta xungaria, que chega mesmo a dar mau nome aos maus filmes.

Título: Kill’em All
Realizador: Peter Malota
Ano: 2017

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