Antonio Banderas parece determinado em construir uma sólida carreira xunga. Só isso explica que, no ano passado, tenha feito cinco-5-cinco filmes(!). E quatro deles nessa nova meca do cinema de série b que é a Bulgária. É preciso falar nisto e ninguém o está a fazer.
Felizmente aqui estamos nós para dar força a Banderas, o sempiterno Mariachi. No entanto, em Actos de Vingança ele é… advogado. Um daqueles com muita lábia, capaz de convencer um esquimó a comprar um frigorífico. E, além disso, é casado com o trabalho, acabando por negligenciar a própria família, especialmente a filha, com quem já tirou um mestrado e um doutoramento em pedir desculpa por falhar sempre aos compromissos.
Quando mulher e filha são assassinadas misteriosamente, Banderas toma duas decisões importantes. Primeiro faz um voto de silêncio, inspirado pelo livro de auto-ajuda escrito por esse símbolo do estoicismo, o imperador Marco Aurélio. E segundo decide ir vingar-se dos responsáveis pela morte da sua família, custe o que custar.
Como em qualquer filme xunga, Banderas não o faz sem antes ir treinar e aprender artes marciais num ginásio (longe vão os tempos em que havia sempre um velho chinês a espreitar na esquina, pronto a ajudar), após uma montage bem fatela. Nunca percebemos bem quanto tempo isso demora, porque manter a noção da linha temporal do filme não é o ponto forte do realizador Isaac Florentine. Imaginamos que deve ter passado um tempo considerável até Banderas estar pronto, mas mal este inicia a sua investigação por conta própria encontra logo pistas e testemunhas que o levam até aos assassinos. Obviamente que, neste tempo todo, a polícia nunca havia conseguido encontrar nada.
Podia referir que Actos de Vingança é mais uma tentativa forçada em fazer a enésima variação do Busca Implacável, assim como poderia fazer qualquer referência ao facto do (anti)herói de Antonio Bandera seguir uma longa linhagem de heróis silenciosos que tiveram origem em O Ofício de Matar, de Melville. No entanto, em ambos os casos seria estar a exagerar em demasia. E para exageros já chega o filme em si. Por isso, basta referir as belas sequências de porrada, bem coreografadas e editadas de forma perceptível. Assim até dá gosto ver um filme de acção. E o Happy Meal vai todinho para aí.Título: Acts of Vengeance
Realizador: Isaac Florentine
Ano: 2017