| CRÍTICAS | The Duel

Graças a Nosso Senhor Chuck Norris todos estamos familiarizados com a figura do Ranger do Texas, esse agente da lei de grande autoridade e qualidades acima da média para impôr e manter a lei e a ordem. No entanto, eu pelo menos nunca tinha percebido muito bem onde é que os rangers aparecem no organigrama da autoridade norte-americana. É uma espécie de GNR yankee? Até que vi The Duel e a minha vida mudou. É que elesexplicam isso logo de início, nuns intratítulos a abrir: os Rangers do Texas são agentes que surgiram no Texas para manter a ordem durante a guerra com o México, em que aquela zona estava a ferro e fogo.

The Duel ambienta-se assim nessa altura. Liam Hemsworth é um ranger do Texas que, quer o capricho do destino, vai investigar o tipo que, 20 anos antes, matou o seu pai num duelo de facas (essa coisa muito máscula e que para a época era normalíssimo e aceitável). Esse homem é Woody Harrelson, um misterioso pregador com uma legião de seguidores manhosos, que é suspeito de andar a matar mexicanos indiscriminadamente.

Liam Hemsworth vai então em missão, incógnito, mas a mulher, Alice Braga, faz birra porque não quer ficar sozinha e… vai também. Este é o momento em que ponderamos cancelar logo a subscrição do Netflix e chamar os castigadores da parvoíce para irem ter uma conversinha com o realizador, Kieran Darcy-Smith. Mas depois respiramos fundo, contamos até dez e fazemos um esforço para aguentar até ao fim, por respeito a Woody Harrelson.

O que chateia é que a premissa de The Duel é interessante. A personagem de Woody Harrelson, muito Coronel Kurtz, tem um potencial tremendo. Tal como em Apocalipse Now, também esta é uma espécie de encarnação do mal, que canaliza em si todas as más vibrações e tudo o que é errado daquela altura dos Estados Unidos. E ainda tem uma faceta bíblica que dá sempre estilo a qualquer pessoa, especialmente aos vilões.

Infelizmente, nunca sentimos essa sensação de perigo durante os momentos em que Harrelson não está no ecrã. É tudo muito disconexo, como uma banda em que cada elemento vai tocando uma canção diferente. E depois, quando ninguém está à espera, The Duel transforma-se numa versão do… Presa Mortífera. E ainda antes de terminar há uma ridícula – e breve – transformação no 127 Horas. Ou seja, demasiada invenção para um filme que tinha tudo para dar certo. Era só não mexer muito, manter-se simples e colher os frutos no final. Assim, o Happy Meal é só um desperdício de tempo, o nosso e o do Woody Harrelson.

Título: The Duel
Realizador: Kieran Darcy-Smith
Ano: 2016

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