Goste-se ou não de filmes de super-heróis e goste-se ou não do império que a Marvel anda a construir na Sétima Arte (e em toda a cultura popular contemporânea, por arrasto), é impossível não reconhecer o mérito de Vingadores – Guerra do Infinito. É que este é um filme que reúne todos os heróis do universo Marvel, culminando 19 filmes independentes que convergiram todos para este momento. E isso é incrível, até porque estamos a falar da maioria dos nomes que compõem o star system de Hollywood da actualidade, de Robert Downey Jr. a Scarlett Johansson, de Benedict Cumberbatch a Josh Brolin.
Além disso, a ideia de um filme que junta mais de duas dezenas de super-heróis é uma ideia que não deixa ninguém indiferente. Recordo-me bem de que, quando era puto e comprava as edições da Marvel traduzidas em brasileiro e editadas pela Morumbi, as minhas edições favoritas eram as dos Heróis da TV, porque era onde apareciam normalmente os Vingadores e, consequentemente, o maior número de personagens. São quarenta personagens, todas unidas contra uma ameaça comum: Thanos (Josh Brolin), o Titã louco e autêntico vilão à Antigo Testamento, que anda a tentar reunir as cinco Pedras do Infinito para ficar todo-poderoso e resolver os problemas de sobrepopulação do universo, if you know what i mean.
Por isso, olhar para Vingadores – Guerra do Infinito e perceber que os realizadores Anthony e Joe Russo conseguiram gerir todas estas personagens e várias linhas narrativas diferentes é logo uma vitória e um suspiro de alívio. Além disso, independentemente do maior ou menor tempo de antena de uns heróis para outros (e o Black Panther será o que saiu mais prejudicado, até tendo em conta o sucesso e o buzz do seu recente filme em nome próprio, porque só tem aqui uma espécie de presença honrosa), os manos Russo também souberam gerir bem as expectativas dos fãs. Reuniram na mesma linha narrativa o Thor de Taika Waititi (ou seja, o Thor mais descontraído de Thor – Ragnarok) com os (altamente) descontraídos Guardiões da Galáxia ou os insolentes Homem-de-Ferro e Doutor Estranho (dois Sherlock Holmes juntos pela primeira vez, um contra o outro).
Além disso, ainda foram buscar o novo Homem-Aranha (Tom Holland), convocaram a nova encarnação do Capitão América (sem o uniforme, com barba e mais parecido com o Nomad) e, claro, os Vingadores e afins. Ficaram de fora o Hawkeye e o recente Ant-Man, que terá filme novo em nome próprio em breve), mas em compensação ainda há a presença, quase de fugida, de gente como o Coleccionador (Benicio del Toro). Se bem que ninguém sabe muito bem para quê. Talvez apenas para preencher alguma quota ou quórum.
Tendo em conta a quantidade de personagens e de linhas temporais, é impressionante como é que os realizadores não soçobraram perante tamanha empreitada. Obviamente não tiveram foi tempo nem capacidade para fazer mais do que ilustrar tudo isto de forma extremamente funcional e à base do CGI. E no grand finale, quando todos se encontram e se degladiam até à morte (literalmente), a coisa até é bem perceptível, sem aquela edição epiléptica que às vezes mete raiva por não se perceber nada. E isso é tudo aquilo que podemos pedir de um filme como este. Por isso, o McChicken até sabe a mais e tudo. E mais interessante do que ver como a sequela vai descalçar a bota do cliffhanger deste filme, é ver a estreia da Capitã Marvel, que é antecipada na habitual cena depois dos créditos. Ups, esta última linha é um spoiler.
Tìtulo: Avengers: Infinity War
Realizador: Anthony Russo & Joe Russo
Ano: 2018