| CRÍTICAS | O Mundo do Oeste

Westworld foi uma das séries mais populares de 2016, mas eu não vi porque, felizmente, fui alertado pelo Diogo Augusto (lembram-se deste texto?). No entanto, ele não se pronunciou sobre o filme que deu origem à série. Por isso, aqui vai ele.

Westworld é o derradeiro parque de diversões! Num futuro mais ou menos próximo, o parque oferece uma experiência imersiva total no antigo faroeste para qualquer visitante em busca de adrenalina. É que, para além da recriação de época, os visitantes podem interagir directamente com uns robôs iguaizinhos aos humano, que podem inclusive matar. E o faoreste não é o único mundo existente. No mesmo parque diversões há ainda a recriação de Pompeia, com os seus bacanais regados a vinho, e os tempos medievais, com justas e longos banquetes reais.

Richard Benjamin e James Brolin vão passar uns dias no parque e escolhem Westworld. E, num primeiro instante, tudo corre às mil maravilhas, com duelos ao pôr-de-sol, bulhas no saloon e muitas mocinhas conquistadas. No fundo, toda uma série de clichés que marcam a linguagem do western e que o realizador Michael Crichton se diverte a explorar, por vezes até exagerando até aos limites da irrisão.

Não é por acaso que Yul Brynner, cujo robô pistoleiro irá perseguir mais tarde os protagonistas, se veste da mesma forma do que a sua personagem em Os Sete Magníficos. Além disso, a sua postura mecanizada viria a influenciar tanto o Exterminador Implacável, de Arnold Schwarzenegger, quanto os slashers persecutórios de Mike Myers a Jason Voorhees, que nunca necessitam de correr para apanhar as suas vítimas.

Antecipando os vírus dos computadores, O Mundo do Oeste introduz uma “doença” nas máquinas, que se irão revoltar contra os seus criadores. E é neste último terço do filme que a coisa se torna séria. Transformando-se num filme silencioso e estilizado, O Mundo do Oeste potencia o seu lado anacrónico. Primeiro, cruza caubóis com romanos e cavaleiros da Távola Redonda, à medida que os protagonistas vão fugindo pelos outros parques de diversão. E depois, ao entrar nos bastidores, transforma-se num retro-futurismo muito formalista, que faz lembrar o THX 1138.

Crichton consegue manter um filme muito competente, apesar da diversidade de universos que cruza e que podiam facilmente descambar para a disneyzação do filme. E isso dá a O Mundo do Oeste um McBacon para levar para casa e torna-o numa excentricidade para colocar ao lado de outro clássico da ficção-científica dos anos 70, Capricórnio Um.

Título: Westworld
Realizador: Michael Crichton
Ano: 1978

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