| CRÍTICAS | Rasto Mortal

A cena de abertura de Rasto Mortal faz-nos constatar um triste facto sobre a carreira de Jean-Claude Van Damme. O de que ele nunca fez uma boa perseguição automóvel. A melhor é precisamente esta, a que abre Rasto Mortal. E depois ainda há uma outra, de mota, por dentro de um centro comercial, totalmente gratuita e desnecessária, mas divertida.

Em Rasto Mortal, Van Damme é… segurança de discotecas, o que faz deste filme uma espécie de spin-off do Profissão: Duro. Mais uma vez, questionamo-nos como é que alguém conseguiu vender a ideia de se fazer um filme de acção sobre um porteiro… Enfim, continuemos. Van Damme tem assim essa vida de negócios duvidosos na noite, apesar de já estar cansado, até porque passa pouco tempo com a mulher (Lisa King), que é… inspectora do SEF. Obviamente que ambos estavam destinados a ficar juntos, não é?

Colocamos então a crença em suspensão com todas as nossas forças e, com o engenho de um teatrinho de escolha, vemos Lisa King a levar para casa uma miúda refugiada que chegou aos Estados Unidos clandestina num barco vindo de Hong Kong. Porque é assim que actua qualquer assistente social. O problema é que o pai da miúda (Simon Yam) anda atrás dela e, claro, depois de matar a mulher do belga, este vai vingar-se. Faltou dizer que Simon Yam é um contrabandista de Hong Kong, que anda com uma ponta-em-mola sempre no bolso, que usa para cortar a garganta aos seus inimigos, mas como se fosse uma catana(!).

Rasto Mortal era para ter sido feito por Ringo Lam, daí a trama que envolve bandidos de Hong Kong. Mas depois deste ter saltado fora, o produtor Philippe Martinez assumiu o comando. E, sejamos sinceros, a sua curta filmografia na cadeira de realizador é um verdadeiro tratado de cinema xunga: um filme com Van Damme, um com o Val Kilmer e outro com o Gérard Depardieu e a Liz Hurley. E, supostamente, está um prestes a sair com o Steven Seagal. Respeito a este senhor!

Curiosamente, Martinez é mesmo o melhor que aconteceu a Rasto Mortal, já que não se limita a ser um mero tarefeiro. O francês tenta dar-lhe alguma profundidade poética, com um outro plano mais arriscado, que lhe dá alguma personalidade. Claro que, depois logo a seguir, joga-lhe sempre uma cena de sexo ou uma cena do Van Damme a chorar, mas isso são só os defeitos do thriller erótico a virem ao de cima. De entre os filmes (gloriosamente) maus do Muscles from Brussels, Rasto Mortal é o seu Double Cheeseburger que mais se destaca pela diferença.Título: Wake of Death
Realizador: Philippe Martinez
Ano: 2004

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *