| CRÍTICAS | O Predador


Predador é um filme de acção perfeito, um daqueles 10 em 10, redondinho e sem espinhas. Depois disso, as sequelas foram perdendo interesse de forma exponencial. A minha única dúvida é se deveremos ter em consideração os dois filmes Alien vs Predador. Talvez não o devamos fazer, por respeito a John McTiernan.

Assim, antes que a série caísse na irrelevância total, eis a última cartada: uma sequela-que-era-para-ser-um-remake assinado por alguém com crédito suiciente para o fazer. Neste caso, Shane Black, que foi actor no filme original e que, apesar da curta carreira como realizador (olá Kiss Kiss Bang Bang) ou mesmo como argumentista (olá O Último Grande Heróis, olá A Fúria do Último Escuteiro), já mostrou ter unhas para tocar esta guitarra. Quer dizer, na verdade não mostrou nada, mas nós, fãs cegos, contentamo-nos com pouco.

O Predador de John McTiernan, apesar do template de war movie, era um filme que simbolizava o confronto mais básico entre o homem e a besta, até ao seu ponto mais primitivo e instintivo. As sequelas trataram de ir acrescentando mais coisas, explorando (às vezes até longe de mais) essa ideia de caçador do espaço. O novo Predador dá mas um passo nesse caminho e agora temos predadores que evoluem e um predador… gigante(!).

Como é que chegámos até aqui? Shane Black despacha um argumento com a economia narrativa de um série b, muito action driven. Há uma nova criatura na Terra a ameaçar os humanos, os Estados Unidos estão a postos porque têm estado cientes dessas visitas cada vez mais recorrentes, mas quem vai salvar o dia são um grupo de loucos avariados da marmita. Este grupo de anti-heróis são rejeitados do exército, antigos militares com traumas psicológicos, liderados pelo sniper Quinn McKenna (Boyd Holbrook).

Tal como é usual nos filmes que assina – e na sua própria personagem em Predador -, Shane Black tem no humor um trunfo fundamental. Todas as suas personagens têm sempre uma tirada espirituosa na ponta da língua e a irrisão está sempre a espreitar por trás da próxima cena. O problema é que, desta vez, parece ter perdido o controlo e Predador resvala várias vezes para a valeta. Aliás, damos por nós várias vezes se saber se deveremos levar o filme a sério ou a brincar.

À mulher de César não basta sê-la, é preciso parece-la também e Shane Black é mais um que desbarata o crédito que trazia para dar um novo fôlego ao Predador. Este Cheeseburger poderá mesmo ser o suspiro derradeiro da última grande criatura da história da sétima arte, mas ao menos serve para relembrarmos ainda com mais carinho aquele filme perfeito de 1986.

Título: Predator
Realizador: Shane Black
Ano: 2018

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