O western spaghetti gerou várias personagens que foram recorrentes em diferentes sequelas, por vezes até de realizadores diferentes. O Homem sem Nome terá sido o mais ilustre, mas nomes como Django, Sabata ou mesmo Trinitá também tiveram o seu espaço. Contudo, este texto é sobre um outro, relativamente menos lembrado, mas que merece bem mais o nosso carinho: o Stranger.
O Stranger (Tony Anthony), que deu origem a uma trilogia, é mais um anti-herói anónimo na senda de clint Eastwood e da Trilogia dos Dólares, de Sergio Leone, que personifica o mais recorrente arquétipo do western spaghetti: o do forasteiro que chega à cidade para restaurar a ordem e impor a justiça. A grande novidade aqui é que Tony Anthony é um pouco a antítese do herói macho e viril que o caubói é habitualmente. Ele é um pouco andrógino, com a su sombrinha para o sol e camisa rosa, e nem sabe enrolar um cigarro. Mas é igualmente mortífero com o revólver.
Isso faz com que seja um western spaghetti com mais queda para o humor, aproximando-se mais da descontração bem-disposta de Trinitá do que da violência vingativa do Homem sem nome. Aliás, o Stranger normalmente até é mais o homem errado no momento e local errado, ao invés do habitual herói de acção imbatível e temível.
Por isso, é quase por acaso que vai tropeçar no esquema duns bandidos para roubarem uma carruagem feita de ouro(!), aliando forças com um profeta louco (Marco Guglielmi) para levar a sua avante. São os marginais e os freaks a unirem forças contra os vilões, levando a melhor com a sua ousadia insolente.
O último acto de Um Homem, um Cavalo, uma Pistola leva, talvez, a irrisão longe demais. Apesar do bodycount elevado, o tiroteio final é sempre mais na ordem dos gags e da comédia de enganos do que nos códigos do filme de acção. Contudo, este é o melhor volume da trilogia do Stranger e um dos western spaghettis que mais carinho merece. Carinho ou McChickens, depende do ponto de vista de quem assiste.
Título: Un Uomo, un Cavallo, una Pistola
Realizador: Luigi Vanzi
Ano: 1967