| CRÍTICAS | Crónicas de Natal

É impossível não sentir um mínimo de empatia por Crónicas de Natal, mesmo que não liguemos peva a filmes de Natal. Para começar, tem Kurt Russell a fazer de Pai Natal. E, como toda a gente já reparou, ter Russell de barba a vir do Pólo Norte ecoa inevitavelmente a Veio do Outro Mundo.

Crónicas de Natal é, portanto, o Christmas flick da Netflix, que procura criar um novo clássico natalício para toda a família. Contudo, o resultado final é tão flat e formatado que dificilmente o irão conseguir. Fica, por isso, a questão quando, na cena final, surge Goldie Hawn a fazer de Mãe Natal: é só uma inside joke com o facto de ambos serem casados na vida real também ou é o lançamento para uma possível sequela em 2019?

Quanto ao filme, é a história de dois irmãos (Darby Camp e Judah Lewis), que vão ajudar o Pai Natal a distribuir os presentes na noite de 24 de Dezembro e salvar a quadra, depois deste ter tido um acidente de trenó. No processo, vão, claro, a aprender a ultrapassar a perda recente do pai e as diferenças entre si.

Ou seja, a premissa é exactamente a mesma de todos os restantes filmes de Natal existentes neste mundo. Por isso, o que interessava aqui era o processo. Mas Crónicas de Natal é tão pouco criativo que nunca passa do simples filme saído directamente da linha de montagem para a televisão (literalmente). Pelo meio, mete ainda a martelo os elfos do Pai Natal, num CGI manhoso, e Kurt Russell a cantar o Santa Claus is Back in Town em versão blues-rock, que volta assim a aproximar-se (não sabemos se conscientemente ou não) da figura do Nosso Senhor Elvis Presley.

Por isso, este Happy Meal não irá, certamente, rivalizar com as filhoses, os sonhos e as outras iguarias da nossa consoada. Até encontrar a fava no bolo-rei será consideravelmente melhor.

Título: The Christmas Chronicles
Realizador: Clay Kaitis
Ano: 2018

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *