| CRÍTICAS | L’Animale

Sexualidade e coming of age são dois temas que costumam andar de mãos dadas, principalmente o segundo, que tem dificuldades em ir ao cinema sozinho. No entanto, a forma como a realizadora Katharina Mückstein os aborda em L’animale é significativamente nova, visto que este é um filme sobretudo sobre sexualidade, em que o coming of age é apenas mais um caminho para falar disso.

É certo que há uma jovem no centro da trama, justamente nessa idade em que a sexualidade se começa a manifestar decisivamente na construção da sua personalidade. Mati (Sophie Stockinger) é meio maria-rapaz e só se dá com os miúdos beras lá dos subúrbios onde vive, indo andar de mota com eles e participar nas suas rixas. Mas quando recusa os avanços de um dos amigos e esta começa a trata-la mal por vingança, é também quando conhece Carla (Julia Franz Richter) e começa a explorar verdadeiramente a sua sexualidade.

Ao mesmo tempo, o seu pai (Dominik Warta), que já teve o seu coming of age há bastante tempo, continua a explorar a sua sexualidade reprimida. E quando choca com ela de frente, tem um abre-olhos violento. Por sua vez, a sua mulher (Kathrin Resetarits) descobre a sua traição com um homem e decide reagir a isso de forma diferente: entregando a sua sexualidade a outro homem.

Como vêem, já mencionei a palavra “sexualidade” bem mais vezes do que “coming of age”, o que serve para explicar de alguma forma o meu primeiro parágrafo. Não deixa de ser curioso, no entanto, que Katharina Mückstein filme L’animale sobretudo como um… coming of age. O filme desenrola-se com tempo, sem se precipitar, e isso dá-nos tempos para nos irmos envolvendo no seu ritmo dolente. E isso é o seu melhor elogio. Melhor até que o seu Cheeseburger final.

Título: L’animale
Realizador: Katharina Mückstein
Ano: 2018

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